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Semana de Ogum e São Jorge Os Guerreiros da Crença

BY Site Noticias

Orixá e Santo são venerados de norte a sul do país. Ògún e São Jorge juntos na fé — Foto: Pai Paulo de Oxalá

Com a aproximação do dia 23 de abril, os corações de milhares de brasileiros batem mais rápido. É tempo de celebrar Ogum e São Jorge — dois nomes, dois mundos simbólicos, duas práticas distintas que, em solo brasileiro, caminham lado a lado com a fé, a espada e a esperança, cultuadas de norte a sul.

Ogum é um Orixá. São Jorge é um Santo. O primeiro, vindo do continente africano, está entre os guerreiros mais importantes do panteão iorubá. O segundo, nascido na Capadócia, atual Turquia, tornou-se um dos santos mais venerados do cristianismo. E, embora tenham origens e contextos diferentes, ambos simbolizam a força que não desiste, o coração que não recua e a segurança daqueles que lutam com amor-próprio.

No costume do Candomblé, Ogum é o desbravador, senhor do ferro, da tecnologia moderna e da agricultura. Conta-se que, após libertar a cidade de Ìrè de um ataque inimigo, ele foi aclamado rei e, mais tarde, elevado à condição de Orixá. Ele é quem abre os caminhos e fornece os meios para a sobrevivência — física e emocional.

São Jorge, posteriormente, tornou-se símbolo de resistência ao enfrentar um dragão que aterrorizava os moradores de Silena, na Líbia. Montado em seu cavalo branco, com uma lança na mão, o santo guerreiro passou a ser o santo tutelar dos soldados e o guardião daqueles que eram maltratados — especialmente entre os necessitados e oprimidos.

No Brasil, a ligação entre Ogum e São Jorge ultrapassa a semelhança simbólica.Como resultado da colonização portuguesa e do sincretismo espiritual forçado, São Jorge passou a ser associado a Ogum nos calendários e petições de diversos fiéis. Hoje, nas comunidades religiosas afro-brasileiras, é comum ver imagens do santo cristão nas igrejas de Ogum — não como uma substituição, mas como um reflexo de uma fé que se adaptou à resistência. As cores também se promovem. No Candomblé, Ogum veste azul-marinho e branco, representando sua flexibilidade e capacidade de escolha. Na Umbanda, ele aparece em vermelho, branco e, às vezes, verde — tons que evocam atitude, ação e movimento. Surpreendentemente, vermelho e branco também são usados ​​por devotos de São Jorge em missas e procissões. Coincidência? Não para aqueles que confiam no poder que une o céu e a terra com a fé. Todo dia 23 de abril, terreiros e igrejas são carregados com velas, petições, espadas simbólicas, oferendas e pedidos. Nos terreiros, Ogum obtém feijoada, inhame, cerveja e flores. Nas igrejas, São Jorge recebe rosas, promessas e velas vermelhas. Mas, maior do que as rotinas exteriores, é o sentimento interior que une as multidões: a vontade de seguir em frente, de não recuar apesar das lutas da vida. Em tempos tão difíceis, é reconfortante saber que temos guerreiros espirituais ao nosso lado — seja Ogum ou São Jorge. Eles nos ensinam que toda batalha pode ser espiritual, desde que seja auxiliada por valores, coragem e amor ao próximo. Por isso, neste dia de guerreiros, canalize sua confiança com confiança. Escolha seu altar — seja o do Orixá ou do Santo — e fortaleça-se com a segurança de quem nunca abandona um moleque na batalha. Louvemos: Ògún ìyè! Salve Jorge! Que venham os triunfos.

Axé a todos!

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