
Somente para assinantes. Assine o UOL. Acompanhantes do São Paulo durante todo o jogo contra o Palmeiras. Foto: Paulo Pinto/ São Paulo FC. O São Paulo encerrou o ano de 2024 com uma dívida líquida de R$ 968,3 milhões, conforme consta em seu balanço divulgado. O valor é cerca de R$ 300 milhões a mais que o do ano anterior. A pergunta que os torcedores são-paulinos costumam fazer é: como essa dívida líquida aumentou se o clube não teve um time milionário na temporada passada? Bem, em primeiro lugar, o São Paulo gastou mais do que pode
ter com a receita disponível, apesar de essa receita estar crescendo. Tanto que o déficit foi de R$ 287,6 milhões. Mas é preciso ressaltar que cerca de R$ 100 milhões desse déficit foram contabilizados como amortização de contratos de jogadores. Isso porque o lucro foi de R$ 764 milhões, um aumento em relação ao ano anterior. No entanto, os custos aumentaram em ritmo acelerado e chegaram a R$ 824,6 milhões, valor bem acima do previsto. Somente em acertos, foram investidos R$ 110,7 milhões, enquanto a venda de jogadores ficou abaixo do esperado. O clube também precisou desembolsar mais de R$ 30 milhões para rescindir o contrato de patrocínio para adquirir a Superbet. Com a demanda para cobrir o déficit, o São Paulo aumentou seus adiantamentos. O valor saltou de R$ 74 milhões para R$ 137,7 milhões. Há, por exemplo, o acordo Globo/Libra para o Campeonato Brasileiro de 2025. Houve também um aumento no financiamento para pequenas empresas, justamente o produto que o São Paulo tentará quitar com o Fidic (fundo que utiliza as dívidas do clube). O valor chegou a R$ 259 milhões, sendo o Bradesco o maior banco do Tricolor.
O próprio Fidic está incluído nas responsabilidades do clube, por se tratar de uma obrigação. Outro aumento de valor foi em relação às obrigações tributárias devidas. O São Paulo precisou fazer acordos para quitar dívidas de impostos federais e municipais em atraso e o total chegou a R$ 259 milhões, um aumento de quase R$ 60 milhões. As infrações municipais na venda de ingressos tiveram um impacto especial nesse número. Com isso, o São Paulo enfrenta uma situação desafiadora em 2025. São R$ 567 milhões em obrigações temporárias, ou seja, obrigações financeiras a serem pagas no período corrente. Como há R$ 137 milhões em ativos, caixa mais recebíveis, o clube precisa financiar R$ 429 milhões em 2026. Portanto, a Fidic prevê um total de pelo menos R$ 200 milhões para cobrir a questão bancária. E, principalmente, o São Paulo precisará ter seus investimentos dentro dos limites do regulamento do fundo, ou seja, investir em futebol até R$ 350 milhões, ou 50% da receita. Inclusive, para, com o aumento da receita, gerar caixa suficiente para começar a reduzir o passivo. Este é um ano em que o clube precisa fazer essa reviravolta. Texto de reportagem que registra os fatos, com base em fatos e informações observados ou validados diretamente pelo repórter ou obtidos por meio do acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.