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Nixi Pae Entenda o Poder Espiritual da Ayahuasca na Visão Huni Kuin

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Entre os rios e árvores centenárias da Amazônia, vive um dos saberes mais antigos do continente: a medicina da ayahuasca, conhecida pelos Huni Kuin como Nixi Pãe. Mais do que uma bebida, ela pode auxiliar em processos de cura, aprendizado e fortalecimento do corpo e do espírito, como afirmam os povos indígenas.

“A ayahuasca é um espírito vivo, uma força da mata que nos conecta com nossos ancestrais, com os antepassados ​​e com o mundo espiritual”, discute a jovem Shakuany Huni Kuin, ao Portal A TARDE. “O Nixi Pãe se manifesta por meio de visões, pegadas (Txana), sonhos e também silêncio”, acrescenta. Usada há milênios pelos indígenas da Amazônia, a ayahuasca é feita a partir do cipó Banisteriopsis caapi e da folha do arbusto Psychotria viridis. Seu uso chegou aos Andes, ao Caribe, ao Pantanal e à Mata Atlântica. No entanto, para os Huni Kuin, seu verdadeiro valor reside em seu uso espiritual e cumulativo. “A ayahuasca traz um espelho ao coração. Ela revela o que precisa ser recuperado, revela caminhos para a reconciliação, reconecta-se com a realidade do coração. Em um nível pessoal, ela transforma práticas, desperta a consciência, alinha o espírito. Na comunidade, ela reforça a unidade, pois todos compartilham o mesmo espírito e, ao descobrirem, cantam uns com os outros, curam juntos. Ela une”, discute Shakuany. Leia também: Na experiência espiritual relatada por Nixi Pãe, há encontros consigo mesmo, com os animais, com a floresta e com o espírito do planeta, segundo Shakuany.

“Emocionalmente, ela abre os portais do mundo indetectável. Faz o indivíduo lembrar quem é, de onde veio e para onde vai.Nixi Pãe traz a compreensão de que tudo vive, o rio, as árvores, os animais, os ventos, o planeta. Ele purifica o espírito, cura feridas, revigora os presentes e fortalece o vínculo com o propósito de vida. Ele inspira humildade e respeito por tudo o que existe”, afirma. São Paulo, SP, Brasil – 16 de dezembro de 2023: Altar de cerimônia, garrafa de Ayahuasca, tepi de osso para rapé. | Imagem: Adobe Stock. Interesses externos: perigo ou fortalecimento? Nos últimos anos, o uso da ayahuasca tem crescido em ambientes urbanos, muitas vezes distantes de contextos tradicionais e religiosos. Shakuany esclarece que é preciso muito cuidado e atenção com a medicina. “Muitos não reconhecem que Nixi Pãe não é qualquer tipo de bebida, mas sim uma bebida que precisa de preparo, respeito e orientação. Quando consumido de forma descontrolada, sem orientação, sem costume, existe o risco de abrir locais nocivos e perder o verdadeiro significado da medicina. A banalização pode criar desigualdades espirituais e desrespeito à herança ancestral”, alerta. O crescente interesse de pessoas não indígenas pela ayahuasca pode representar tanto um perigo quanto uma oportunidade. A partir do momento em que há lucro e vaidade, torna-se um roubo da sociedade. “Depende de como esse interesse é cultivado. Se for feito com respeito, atenção e aprendizado desde o início, pode fortalecer, criar pontes de recuperação e preservação. Já se for movido por lucro, curiosidade ou ego, é uma ameaça, pois diminui o valor da cultura, apropria-se do conhecimento sem autorização e põe em risco a honestidade da medicina e das pessoas que a guardam”, enfatiza Shakuany.Canto dos Huni Kuins Shakuany em um ritual | Foto: Arquivo Pessoal As diferenças entre o uso aborígene e os contextos urbanos são significativas, segundo a jovem. Para os Huni Kuins, a ayahuasca é a representação da ancestralidade do indivíduo. “Para nós, o Nixi Pãe está em um contexto ancestral, com melodias religiosas, dieta, rituais, orações, jejum e orientação do feiticeiro (neybeya) ou dos anciãos. Na cidade, isso geralmente não existe. As músicas mudam, o tempo de preparação também muda, e o significado também muda. Isso não significa que seja errado, mas sim que é um caminho a mais, que exige muita dedicação e humildade para não perder as origens”, ressalta. Preparação para a Medicina: Participar de um ritual de Ayahuasca exige mais do que apenas autodisciplina. Segundo a sabedoria Huni Kuin, é necessário um trabalho de preparação espiritual. “É preciso entrar com o coração limpo, com boas intenções e com respeito. Rápido, evite alimentos pesados, contato sexual, álcool e ideias negativas. A mente precisa estar tranquila, o corpo preparado e o espírito ávido por aprender”, explica Shakuany. Além disso, ela reforça que é importante estar sob a orientação daqueles que conhecem o caminho – os curandeiros, mestres ou anciãos que detêm a sabedoria de lidar com os espíritos despertados por Nixi Pãe. Personagem da medicina da Ayahuasca | Imagem: Adobe Supply

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