O Ministério Público indiciou Maicol Santos por sequestro, feminicídio, ocultação de cadáver e estelionato. O tribunal também incumbiu a Polícia Civil de investigar se outra pessoa ajudou o acusado a esconder o corpo da adolescente de 17 anos. O crime foi cometido em fevereiro, em Cajamar. 1 de 4 Maicol Santos confessou ter matado Vitória Sousa. Sua defesa deseja requerer a anulação do interrogatório por alegar que seu cliente foi persuadido a confessar. Foto: Reprodução
Maicol Santos confessou ter matado Vitória Sousa. A defesa dele pede a anulação do inquérito por alegar que seu cliente foi coagido a confessar. Foto: Reprodução. O tribunal aceitou nesta quarta-feira (30) a ação movida pelo Ministério Público de São Paulo (MP-SP) contra Maicol Santos, acusado de matar Vitória Sousa, e o tornou réu no caso por sequestro, feminicídio, ocultação de cadáver e fraude processual. O tribunal também converteu sua prisão temporária em prisão preventiva, sem prazo para sua libertação, para que ele possa responder pelos crimes cometidos em fevereiro em Cajamar, no município (saiba mais abaixo). Também determinou que a Polícia Civil instaure um novo inquérito para apurar se outra pessoa auxiliou o acusado a ocultar o corpo da vítima.
Segundo o Ministério Público, que indiciou Maicol na terça-feira (29), ele matou Vitória sozinho, mas pode ter contado com a ajuda de outra pessoa para se livrar do corpo.
O Tribunal ainda marcará data para a audiência de instrução e julgamento do caso. Nesta fase,Testemunhas de acusação e defesa serão ouvidas. O acusado também será interrogado. Após isso, será decidido se ele deve ou não comparecer ao júri. Em caso de condenação, Maicol poderá ser condenado a 50 anos de prisão se for considerado culpado de todas as atividades criminosas. A equipe de cobertura não conseguiu localizar a defesa do acusado para falar sobre o assunto até a última atualização deste boletim de ocorrência. Acusado agiu sozinho 2 de 4 Seminário de Imprensa do MP sobre o caso Vitória — Imagem: Kleber Tomaz/g1
Reunião de Imprensa do MP sobre o caso Vitória — Imagem: Kleber Tomaz/g1
De acordo com a denúncia apresentada pelo promotor Jandir Moura Torres Neto, Maicol eliminou Vitória no dia 27 de fevereiro, em Cajamar, na Grande São Paulo. O jovem tinha 17 anos. O réu tem 26 anos.
A perícia da Polícia Técnico-Científica encontrou material genético de um homem ainda não identificado dentro do carro e caminhão de Maicol. A delegacia da cidade vai apurar se ele ou ela participou do crime.
“Somente em relação ao encobrimento do corpo foi solicitada a realização de novo exame para apurar se Maicol contou com a ajuda de alguém para ocultar o corpo de Vitória”, afirmou o promotor Jandir.
Vitória foi morta após sair do shopping onde trabalhava em Cajamar, no dia 26 de fevereiro. Ela foi abordada pela vítima após sair do ponto de ônibus a caminho de casa, segundo a investigação.
O corpo foi encontrado no dia 5 de março. Ela estava nua, com ferimentos de faca no corpo, em uma área densamente arborizada da região. Segundo a promotoria,Maicol cometeu o crime após abordar a vítima com seu carro e sugerir algo a ela (saiba mais abaixo).
A polícia reconstrói o caso de Vitória
Maicol acabou sendo réu na Justiça pelos seguintes crimes:
Sequestro qualificado: por ter matado uma pessoa menor de 18 anos para fins libidinosos; Feminicídio qualificado: por ter eliminado a menina em razão de sua condição e ridículo por ser mulher, e por ter dificultado a defesa da vítima por meios rudes (para esconder um crime anterior, que foi o sequestro) e motivo inútil; Camuflagem de restos mortais: por ter escondido o corpo de Vitória no mato; Golpes graduais: três vezes desde que limpou seu carro para onde levou o corpo da vítima, além de ter usado produtos de limpeza em sua casa para apagar vestígios de Vitória e apagado todos os dados de seu celular.
“É surpreendente ver uma pessoa falecer apenas por ser mulher”, disse o promotor. 3 de 4 Promotor e delegado do caso Vitória — Foto: Kleber Tomaz/g1
Promotor e delegado do caso Vitória — Foto: Kleber Tomaz/g1
Como ocorreu o crime
Maicol, morador da mesma região onde morava a vítima, está preso pela Polícia Civil desde 8 de março.
O réu confessou o crime em um vídeo gravado pelos policiais no terminal policial. Maicol afirmou que matou Vitória sozinho. Disse que mantinha um relacionamento com ela há cerca de um ano. Mas a mulher, segundo ele,intimidado a contar à sua esposa que o vizinho a havia traído e traído com o adolescente.
Sua defesa declara que ela estava ausente quando ele foi questionado. No entanto, de acordo com o Departamento de Proteção ao Público (SSP), o depoimento foi legal, pois os policiais chamaram um advogado, que não estava protegendo o preso, para acompanhar a confissão.
Defesa alega inocência
Suspeito do assassinato de Vitória alegou que foi forçado a confessar
Os advogados de Maicol, no entanto, posteriormente gravaram um áudio no qual o preso acusa o policial de tê-lo colocado em perigo e o persuadido a confessar o assassinato de Vitória (assista e ouça). Sua defesa está considerando a oportunidade de usar o som para pedir ao tribunal que anule a confissão.
De acordo com os advogados, seu cliente é inocente e não assassinou a vítima. Consequentemente, a defesa informou à imprensa que Maicol certamente não comparecerá à reconstituição. Recentemente, laudos periciais do Instituto Médico Legal (IML) concluíram, com base em exames de DNA, que o sangue encontrado no carro e na residência de Maicol era, sem dúvida, de Vitória. Ao confessar o crime, o suspeito havia dito que havia oferecido uma carona à vítima. A qual ele a esfaqueou após uma discussão na qual, segundo ele, ela o agrediu. Os cortes atingiram o rosto, o pescoço e o peito. Como foi a reconstituição? A Polícia Civil ainda aguarda o resultado do laudo pericial sobre a reparação do caso Vitória. Ele foi realizado no dia 24 de abril, em Cajamar. E o suspeito preso pelo assassinato da adolescente não compareceu.
Os peritos da Superintendência de Polícia Técnico-Científica realizaram a simulação de recriação, nome dado ao reparo, no ponto de ônibus onde Vitória foi vista pela última vez entrando no ônibus (câmeras de segurança a filmaram). Eles também foram à casa de Maicol. Além de irem ao local arborizado onde o corpo da vítima estava localizado.
Autoridades procuram mulher que desapareceu após ser atendida em Cajamar, na Grande SP.
No entanto, os peritos tentaram recriar o que pode ter acontecido com Vitória com base nas informações que Maicol prestou em sua confissão. Também foram utilizadas informações dos depoimentos de outras testemunhas, além de imagens de câmeras de segurança que registraram os últimos momentos de atividade da vítima, caminhando em direção ao ponto de ônibus (veja o vídeo acima).
“Comecei a conversar com ela, alegando que ela não deveria falar com a minha cara-metade. Aí, ela ficou chateada e começou a brigar”, afirmou Maicol no vídeo de sua confissão do crime. “Ela começou a me agredir. E foi aí que eu reagi. Eu sempre carregava uma faca no carro. Depois disso, num momento de prazer, acabei esfaqueando-a no pescoço. Foram apenas duas facadas.”
Maicol também afirmou que se desesperou e, depois de ficar com ela em sua casa, optou por escondê-la no mato, na zona rural de Cajamar.
Segundo a investigação, Maicol se comportou como um ‘stalker’ (pessoa que obedece e rastreia obsessivamente outra pessoa).
4 de 4 Vitória Sousa, de 17 anos, desapareceu após sair de um shopping e pegar um ônibus para casa em Cajamar. Grande São Paulo.Polícia avalia a câmera de segurança que a filmou pela última vez e a procura. Foto: Reprodução/Redes sociais
Vitória Sousa, de 17 anos, fugiu após sair de um shopping e pegar um ônibus para casa em Cajamar, Grande São Paulo. Policiais examinam a câmera de segurança que a filmou pela última vez e a procuram. Foto: Reprodução/Redes sociais
