O governo estadual afirma que se trata de uma “modificação organizada”. A União argumenta que “a transferência da terra está condicionada à garantia do direito à terra para quase mil famílias”. 1 de 6 Moradores da Favela do Moinho, no bairro de Campos Elíseos, Centro de SP, protestam contra a desapropriação de suas casas, na madrugada desta terça-feira, 22 de abril de 2025.– Foto: RAUL LUCIANO/ATO PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Moradores da Favela do Moinho, na região de Campos Elíseos, Centro de SP, protestam contra a desapropriação de suas casas, na madrugada desta terça-feira, 22 de abril de 2025.– Imagem: RAUL LUCIANO/ATO PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

O governo federal de São Paulo iniciou na madrugada desta terça-feira (22) a remoção dos primeiros familiares da Favela do Moinho, a última ainda existente na região central dos recursos.

Ao todo, 11 famílias aderiram a esta fase da desocupação, que, segundo o governo, é uma “realocação programada”, voltada para aquelas que se cadastraram em programas habitacionais da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo (CDHU).

A área da favela do Moinho pertence à União, e o governo estadual entrou com um pedido de transferência para transformar a área em parque. O processo de transferência ainda está em andamento, segundo o governo federal.

Em nota enviada anteriormente ao g1, a Secretaria do Patrimônio da União (SPU/MGI), junto à Superintendência de São Paulo, confirmou que o estado solicitou a transferência.

No entanto, afirmou que “a transferência do terreno está condicionada à garantia do direito à propriedade para as quase mil famílias que ali vivem”.

2 de 6 moradores da favela do Moinho,no bairro de Campos Elíseos, Centro de SP, protestam contra a desapropriação de suas casas, na manhã de terça-feira, 22 de abril de 2025.– Foto: ROBERTO SUNGI/ATO PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Moradores da Favela do Moinho, no bairro de Campos Elíseos, Centro de SP, protestam contra a desapropriação de suas casas, na madrugada de terça-feira, 22 de abril de 2025.– Foto: ROBERTO SUNGI/ATO PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Ele disse ainda que não há previsão para a transferência do local cujo processo depende de alterações e “complementações, por parte da CDHU, no plano de reassentamento enviado em abril deste ano, para garantir que ele atenda às necessidades dos cidadãos.”

A SPU também aguarda o envio das informações da obra a ser implementada no local pelo Governo de SP, para definir o instrumento orçamentário a ser utilizado. “Só a partir desta data certamente será possível avançar nos trâmites administrativos para a formalização do contrato de empreitada.”

O G1 questionou a secretaria sobre possíveis demolições no local, porém até a última atualização da reportagem não houve nenhuma providência.

Protestos 3 de 6 Moradores da Favela do Moinho, em Campos Elíseos, centro de São Paulo, protestam contra a desapropriação de suas casas, na manhã desta terça-feira, 22 de abril de 2025, e têm como alvo o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).– Imagem: ROBERTO SUNGI/ATO PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Moradores da Favela do Moinho, em Campos Elíseos, centro de São Paulo, protestam contra a desapropriação de suas casas, na manhã desta terça-feira, 22 de abril de 2025, e têm como alvo o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).– Foto: ROBERTO SUNGI/ATO PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Moradores do Moinho realizaram uma série de protestos contra a demolição de casas na região. No dia 18 de abril, houve um protesto contra a presença de policiais da Polícia Militar no local.

O protesto interrompeu temporariamente a circulação de trens entre os terminais Júlio Prestes e Palmeiras-Barra Funda, da Linha 8-Diamante.

Os policiais teriam chegado ao local pela manhã e, segundo moradores, entraram na favela com violência, lançando gás de efeito moral contra a população.

4 de 6 PMs na Favela do Moinho.– Foto: Arquivo pessoal

PMs na Favela do Moinho.– Foto: Arquivo pessoal

Em nota, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo informou que o Ministério Público “prendeu um suspeito de tráfico de drogas em um bairro localizado na comunidade de Campos Elísios, na sexta-feira (18)”.

Com a nova remoção, líderes contrários à remoção estão organizando um protesto nas redes sociais para o mesmo horário da separação das primeiras famílias.

Protesto no Centro

Autoridades lançam bombas de efeito moral contra militantes no centro de SP

No dia 15 de abril, moradores da favela realizaram uma passeata pelas dependências da capital em protesto contra uma obra do governo estadual para instalar um parque na região.

Os manifestantes ocuparam as duas faixas da Avenida Rio Branco e seguiram em direção à Câmara Municipal. Por volta das 18h, quando passavam pela Avenida 9 de Julho, os policiais tentaram dispersar a equipe com explosivos de efeito moral.

Segundo o governo,A CDHU se reúne com moradores desde 2014 e está na região para “promover alternativas de apoio imobiliário” e “manter acordos com as famílias que atualmente residem na região, a fim de oferecer imóveis de qualidade e seguros, de acordo com o plano habitacional vigente”. A administração afirma que o esvaziamento da área visa a segurança dos moradores e que, até o momento: 86% das famílias já começaram a se cadastrar para o auxílio imobiliário; 531 famílias já foram habilitadas, ou seja, estão prontas para assinar o contrato; e, dessas, 444 possuem imóvel com destinação definida. Segundo a Associação de Moradores da Favela do Moinho, mais de 900 famílias residem na região. Além da moradia, o bairro também conta com empresas, que representam a principal fonte de renda de alguns moradores.

Processo alvo 5 de 6 Favela do Moinho.– Imagem: Governo de SP

Favela do Moinho.– Foto: Governo de SP

Em 2024, a Favela do Moinho foi um dos alvos de um processo do Ministério Público da Cracolândia, que resultou na prisão de suspeitos de pertencerem a um esquema de tráfico de drogas e lavagem de dinheiro ligado ao Primeiro Comando da Polícia (PCC).

A investigação revelou que a região abrigava uma base de inteligência do PCC, equipada com um detector de superalta frequência para interceptar conversas operacionais da Polícia Militar.

MP processa onze pessoas ligadas ao PCC que utilizavam a Favela do Moinho, no centro de SP, para atividades criminosas

Ainda de acordo com promotores da Força-Tarefa Especial de Combate à Máfia (GAECO), os criminosos utilizavam a Favela do Moinho para armazenar e comercializar entorpecentes,camuflando a origem dos recursos obtidos com o tráfico de medicamentos, gravando sinais de rádios transmissores da polícia e realizando ações penais dentro da comunidade.

6 de 6 Moradores protestam recentemente na favela do Moinho.– Foto: Arquivo pessoal

Cidadãos protestam recentemente na favela do Moinho.– Imagem: Arquivo pessoal

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