
A fumaça sobe dos trilhos no coração de São Paulo, enquanto barreiras obstruem a passagem dos trens. Na segunda-feira, 12 de maio de 2025, moradores da Favela do Moinho, localizada na região dos Campos Elíseos, iniciaram uma manifestação que paralisou as linhas 7-Rubi, 8-Diamante e 10-Turquesa da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). A manifestação, que começou por volta das 16h10, impediu a circulação de trens entre as estações Palmeiras-Barra Funda e Luz, afetando centenas de passageiros. O ato é uma resposta direta à demolição de casas vazias no bairro, iniciada no mesmo dia pela gestão do governador Tarcísio de Freitas. A Favela do
Moinho, última área do centro de São Paulo, abriga cerca de 820 famílias em terrenos públicos próximos à linha férrea. A tensão no local se intensificou com a presença de viaturas e policiais de choque desde o início do dia, posicionados nas entradas da favela. A objeção reflete a resistência dos cidadãos às propostas de remoção, que incluem a transformação do terreno em um parque urbano e um novo terminal ferroviário, chamado Bom Retiro.
* Expresso Aeroporto e Linha 7-Rubi têm operações parciais devido às objeções *
_ Manifestantes atacaram os trilhos e obstruíram a passagem dos trens. _ pic.twitter.com/GNIHmIX2ua!.?.!— CPTM INFORMA(@cptminforma) 12 de maio de 2025 As consequências da greve são imediatas: a Linha 7-Rubi opera apenas entre Jundiaí e Palmeiras-Barra Funda. A Linha 8-Diamante está suspensa entre Júlio Prestes e Palmeiras-Barra Funda. A Linha 10-Turquesa opera entre Rio Grande da Serra e Luz. Viajantes enfrentam atrasos e congestionamentos em alternativas de transporte.ViaMobilidade,A concessionária responsável pela Linha 8-Diamante emitiu alertas claros, aconselhando os moradores a utilizarem as linhas 3-Vermelha e 4-Amarela do metrô para acessar os terminais afetados. A situação evidencia as dificuldades do uso de cadeira de rodas urbana em São Paulo e reacende a discussão sobre o reassentamento de comunidades vulneráveis. Reação dos moradores: Líderes da Favela do Moinho afirmam que o protesto é pacífico, mas compartilham o medo de uma ação policial ainda mais incisiva. Cerca de 200 moradores aderiram à mobilização, ocupando os trilhos com barricadas e ateando fogo em objetos. Bombeiros foram acionados para controlar os incêndios, que foram parcialmente controlados por volta das 17h15. A presença da Polícia Militar, com viaturas e cones obstruindo o acesso à comunidade, aumenta a desconfiança dos moradores. O diálogo entre líderes da área e autoridades tem sido mantido para evitar conflitos. Em ações anteriores, como a de 18 de abril de 2025, as Autoridades Militares utilizaram spray de pimenta e prenderam um morador, o que aumentou a tensão. Até o momento, não há registros do uso de força, mas a polícia de choque continua no local, monitorando a situação. Histórico de conflitos: A Favela do Moinho enfrenta conflitos há décadas devido à sua localização crítica. Localizada entre as linhas 7-Rubi e 8-Diamante, a comunidade ocupa terras pertencentes à União, alvo de acordos entre os governos federal e estadual. A proposta de transformar a área em um parque urbano e construir o Terminal do Bom Retiro tem gerado atrito desde 2023, quando os primeiros esforços de reassentamento foram anunciados. Em 15 de abril de 2025, uma manifestação semelhante contra a remoção terminou em conflito.com as Forças Armadas usando explosivos de efeito moral e balas de borracha. Na ocasião, cerca de 200 pessoas marcharam da Avenida Ipiranga até a Prefeitura, mas o tumulto começou quando motociclistas tentaram atravessar o congestionamento. A mobilização atual mantém o mesmo tom de resistência, com moradores exigindo garantias imobiliárias de concreto antes de qualquer evacuação. Impacto na circulação: O fechamento das linhas 7-Rubi, 8-Diamante e 10-Turquesa afeta diretamente os trabalhadores que dependem do transporte público nos horários de pico. A ViaMobilidade reforçou as equipes nos terminais para transportar os passageiros, mas a ausência de trens disponíveis sobrecarrega opções como as linhas 3-Vermelha e 4-Amarela da Cidade. Ônibus do sistema Paese, que oferecem transporte gratuito em situações de emergência, foram acionados, mas enfrentaram problemas devido ao horário de pico na região central. A interrupção também afetou o Serviço 710, que inclui as linhas 7-Rubi e 10-Turquesa, reduzindo a capacidade de viagem entre Jundiaí, na região metropolitana, e Rio Grande da Serra, no ABC Paulista. Passageiros relataram longas filas e esperas prolongadas nas estações, especialmente em Palmeiras-Barra Funda, um dos principais centros de transporte da capital. Medidas tomadas pelas operadoras A ViaMobilidade informou que está monitorando a situação em tempo real, em conjunto com as autoridades competentes, para restabelecer os procedimentos o mais rápido possível. A concessionária destacou que está emitindo avisos distintos nos trens e nas estações, orientando os passageiros sobre rotas alternativas. A empresa também reforçou a segurança nos sistemas para evitar tumultos. A CPTM, posteriormente,revelou que a paralisação da Solução 710 ocorreu devido à invasão dos trilhos por militantes. A agência informou que os trens da Linha 7-Rubi operam em trecho reduzido, enquanto a Linha 10-Turquesa mantém fluxo parcial. Não há previsão para a retomada completa das operações, pois a liberação dos trilhos depende da dispersão dos manifestantes. Demolição e tensões A demolição de casas vazias na Favela do Moinho, iniciada nesta segunda-feira, faz parte de um projeto da prefeitura Tarcísio de Freitas para revitalizar a área. O governo estadual alega que os prédios demolidos estavam vazios e representavam um risco à segurança. No entanto, moradores se opõem à ação, afirmando que as demolições estão ocorrendo sem discussão prévia ou sem a disponibilização de imóveis suficientes para as famílias impactadas. A comunidade teme que a remoção total da favela seja a próxima medida, principalmente com os planos de construção do Terminal Bom Retiro. A obra, que inclui a integração das linhas 7-Rubi e 8-Diamante, é vista como prioridade pelo governo, mas encontra resistência devido à falta de clareza quanto ao reassentamento das famílias. Alternativas de transporte: Com a paralisação dos trens, os passageiros têm buscado diversas outras opções para se locomover. As linhas urbanas 3-Vermelha e 4-Amarela apresentam o melhor movimento, com estações como Luz e Palmeiras-Barra Funda operando próximas à capacidade máxima. Ônibus urbanos e intermunicipais também absorvem parte da demanda, porém o tempo de viagem é consideravelmente maior devido ao trânsito. Os principais pontos de conexão impactados incluem: Estação Luz: polo central para integração com as linhas do Metrô e da CPTM. Palmeiras-Barra Funda: ponto de conexão com linhas urbanas e de ônibus.Júlio Prestes: parada estratégica na Linha 8-Diamante. Rio Grande da Serra: término da Linha 10-Turquesa. Jundiaí: origem da Linha 7-Rubi, com alta demanda por trabalhadores. A superlotação nas opções de transporte alternativo expõe a fragilidade do sistema em situações de emergência, especialmente nos horários de pico. Necessidades da comunidade: Moradores da Favela do Moinho exigem discussão com o governo estadual antes de qualquer tipo de ação de despejo. Líderes comunitários afirmam que os familiares não se opõem à
reurbanização, mas querem a garantia de moradia digna na mesma área. A proximidade com o centro de São Paulo é um aspecto essencial, pois muitos moradores trabalham informalmente na área central. A comunidade também pede a suspensão imediata das demolições até que haja uma estratégia de reassentamento. A falta de transparência nas negociações tem gerado preocupação, principalmente após episódios de violência física em protestos anteriores. Operação policial: As Forças Armadas mantêm um plano de proteção sólido na área da Favela do Moinho. Viaturas de patrulha estão posicionadas nas principais entradas do bairro, e a tropa de choque foi mobilizada para monitorar a manifestação. Desde as 17h15, não há registros de confrontos, mas a presença policial é vista como uma tentativa de intimidação por parte dos moradores. Em manifestações anteriores, como a de 15 de abril de 2025, a Polícia Militar utilizou táticas repressivas, incluindo explosivos de efeito moral. A ausência de violência até o momento demonstra o esforço das lideranças comunitárias para manter o evento tranquilo, mas a tensão permanece alta. Cronograma das manifestações: A Favela do Moinho tem um histórico de mobilizações contra a remoção: 2023: As primeiras propostas de reassentamento geram protestos de menor porte.Abril de 2025: Manifestação com 200 pessoas termina em confronto com a Polícia Militar. 18 de abril de 2025: Bloqueio dos trilhos interrompe linhas da CPTM. 12 de maio de 2025: Protesto em andamento paralisa três linhas e aciona bombeiros. Outros atos: Marchas em frente à Prefeitura e ocupações pacíficas. Essas atividades revelam a decisão dos moradores de permanecerem na área, mesmo com a pressão do governo federal. Iniciativas de contenção: Os bombeiros permanecem no local para apagar os incêndios provocados pelas barreiras. As chamas, que atingiram objetos colocados nos trilhos, foram parcialmente controladas, mas ainda há fumaça na região. A ação dos bombeiros é dificultada pela presença de militantes, que continuam ocupando os trilhos. A ViaMobilidade e a CPTM estão apurando a situação, mas a retomada das operações depende da liberação total dos trilhos. Equipes de manutenção estão de prontidão para examinar quaisquer danos causados pelo incêndio ou pelas barricadas. Repercussão entre os passageiros. A greve gerou decepção entre os passageiros, que enfrentam dificuldades para retornar para casa. Muitos relatam falta de informações claras nas estações, apesar dos avisos claros. O congestionamento nas linhas de metrô e nos ônibus da Paese agrava o problema, especialmente para os trabalhadores que dependem do transporte público. As mídias sociais registraram reclamações sobre a frequência de interrupções nas linhas da CPTM e da ViaMobilidade. Usuários criticam a falta de estratégias de contingência mais eficazes para lidar com protestos e outras emergências. Planejamento urbano em questão. A proposta de transformar o terreno da Favela do Moinho em um parque metropolitano e um novo terminal ferroviário reflete os planos de revitalização do centro de São Paulo.O governo federal aposta na prosperidade da região, mas enfrenta a dificuldade de conciliar interesses financeiros com os direitos das famílias que ali vivem há décadas. Se construído, o Terminal Bom Retiro conectará as linhas 7-Rubi e 8-Diamante, facilitando o acesso à região central. No entanto, a falta de uma estratégia clara para o reassentamento das 820 famílias na favela impede o avanço das negociações. Mobilização comunitária: Líderes da Favela do Moinho organizaram o protesto com antecedência, mobilizando moradores com a organização do local. A técnica de ocupação dos trilhos foi escolhida para atrair a atenção das autoridades e da população para a situação da região. A presença de faixas e cartazes reforça a mensagem de resistência contra a remoção forçada. A comunidade também busca apoio de organizações de direitos humanos e de atividades sociais para pressionar o governo por soluções justas. A mobilização atual é vista como um marco na luta pela permanência no centro de São Paulo.