Segundo documento ao qual a TV Globo teve acesso, 12 PMs foram indiciados por organização criminosa, 1 por falácia ideológica e prevaricação, e os 3 diretamente ligados à morte por armação para violência física. 1 de 5 Vinicius Gritzbach foi executado no aeroporto de Guarulhos em 2014– Foto: Montagem/g1/Reprodução/Redes Sociais
Vinicius Gritzbach foi executado no terminal de voos de Guarulhos no ano passado– Imagem: Montagem/g1/Reprodução/Redes Sociais
A Corregedoria da Polícia Militar encerrou o Inquérito Policial Militar (IPM) nesta terça-feira (15) e indiciou 16 policiais por participação no homicídio doloso e homicídio do denunciante do PCC Vinícius Gritzbach.
O empresário que denunciou traficantes do PCC à Justiça e acusou agente da lei de corrupção foi morto a tiros de fuzil no dia 8 de novembro de 2024, em frente ao Terminal Internacional de Voos de São Paulo, em Guarulhos, na região urbana. O crime foi registrado por câmeras de segurança (veja o vídeo nesta reportagem).
Segundo o documento ao qual a TV Globo teve acesso, 12 PMs foram indiciados por associação criminosa e 1 por falsidade ideológica e prevaricação.
Os três policiais acusados de participação direta na execução do empresário foram indiciados por organização para praticar violência.
2 de 5 O cabo Denis Martins e o soldado Ruan Rodrigues são reconhecidos como os atiradores que mataram Vinicius Gritzbach. O tenente Fernando Silva os auxiliou na fuga em um automóvel, segundo a força-tarefa– Imagem: Recreação
O cabo Denis Martins e o soldado Ruan Rodrigues são reconhecidos como os atiradores que mataram Vinicius Gritzbach.O Tenente Fernando Silva os auxiliou na fuga em um veículo, segundo a força-tarefa. Foto: Recreação. Esses três policiais que participaram diretamente da execução já haviam sido indiciados pela Polícia Civil por homicídio qualificado quíntuplo. O Cabo Denis Antonio Martins (administrador), o Soldado Ruan Silva Rodrigues (administrador) e o Tenente Fernando Genauro da Silva (condutor do veículo) permanecem presos (veja informações abaixo). No registro final do IPM, a Corregedoria da PM solicitou a manutenção da prisão preventiva de 14 policiais que estão presos no presídio Romão Gomes, na Zona Norte da capital paulista. A reportagem não conseguiu localizar a defesa dos acusados.
Homicídio quíntuplo qualificado
Vídeos revelam a execução de um empresário no Aeroporto de Guarulhos sob vários ângulos
Os policiais das Forças Armadas apontados como autores do assassinato de Vinicius Gritzbach foram processados pela força-tarefa da Secretaria de Segurança Pública (SSP) em 11 de março deste ano.
Denis Antonio Martins (atirador), Ruan Silva Rodrigues (administrador) e o tenente Fernando Genauro da Silva (motorista do carro) também estão detidos na Cadeia Pública Romão Gomes da Polícia Militar (PM), na Zona Norte de São Paulo.
A acusação foi por homicídio quíntuplo qualificado pelos seguintes motivos:
Motivo vil (causar pânico e demonstrar o poder de uma organização criminosa de alcance nacional); Uso de meios que possam levar ao perigo habitual (uso de armas de pequeno calibre no terminal de voos mais movimentado da América Latina,em plena luz do dia e com trânsito intenso); Por emboscada ou outras formas que dificultem ou impossibilitem a defesa da vítima (implementação ao desembarcar no aeroporto, em frente à residência da vítima); Garantir a ocultação, imunidade ou benefício de outras infrações penais; E com o uso de armas de fogo restritas (fuzis 7,62 x39 e .556 NATO);
Segundo os detetives, não há dúvidas de que os 3 PMs agiram com a intenção de matar Gritzbach e presumiram o risco de homicídio e ferimento de outras vítimas ao atirar com armas de fogo limitadas diante do maior e mais movimentado terminal aeroportuário do país em termos de número de passageiros e aeronaves. Um motorista de aplicativo foi morto por bala perdida durante o ataque ao empresário.
Além disso, segundo a polícia, os policiais militares também responderão por “organização criminosa”. O Departamento Estadual de Homicídios e Defesa Pessoal (DHPP) também solicitou que as prisões provisórias de Denis, Ruan e Fernando sejam convertidas em prisões cautelares, sem prazo para a liberação. A investigação também deve solicitar as prisões preventivas dos mandantes do assassinato de Gritzbach (Emílio Carlos Gongorra, conhecido como ‘Cigarreira’, e Diego Amaral, conhecido como ‘Didi’) e do ‘precursor’ do grupo (Kauê Amaral). Os três já tiveram suas prisões provisórias decretadas e são considerados foragidos. O inquérito ainda está em fase final. Cerca de 5.000 mandados já foram expedidos. A força-tarefa deve entregar o resultado final do caso ao Ministério Público (MP) na próxima sexta-feira (14).Só o relatório já tem 500 páginas. Após o parecer do Ministério Público, o documento será enviado à Justiça para determinar a prisão dos envolvidos. Os depoimentos de outras pessoas que de alguma forma participaram da execução de Gritzbach no aeroporto, como o financiamento do crime e a recusa em escoltar o empresário, serão objeto de mais um interrogatório policial. Agente da lei civil preso. Autoridades de SP afirmam que o assassinato de Vinicius Gritzbach foi esclarecido. Em 27 de fevereiro, a Justiça indiciou 12 pessoas, oito das quais eram agentes da lei civil, por envolvimento com o PCC, lavagem de dinheiro, tráfico de drogas, corrupção e diversos outros crimes. O depoimento está relacionado ao caso Gritzbach.
De acordo com a investigação do Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Estado, os infratores agiram em conluio com o Primeiro Comando da Fazenda, utilizando-se da estrutura estatal para favorecer a trama criminosa.
Juntamente com a denúncia, o Ministério Público do Estado pediu que os infratores paguem, no mínimo, R$ 40 milhões pelos “danos causados pelas atividades criminosas praticadas, além de indenização por dano moral coletivo e dano social”.
Enquanto as autoridades garantiam a imunidade dos criminosos e desviavam as investigações, “pessoas físicas” se tornavam ricas com atividades ilícitas.
De acordo com o Ministério Público,Policiais e investigadores particulares uniram-se a criminosos para transformar empresas como a Polícia Civil em um instrumento de enriquecimento imoral e proteção para o crime organizado. As atividades do plano na organização criminosa não se limitavam à corrupção e à lavagem de dinheiro. Estes também incluíam envolvimento em tráfico de drogas, homicídios e sequestros. Um dos casos mencionados na edição é o assassinato de Gritzbach.
Gritzbach denunciou alguns dos acusados. Veja abaixo que os infratores são:
Ademir Pereira de AndradeAhmed Hassan SalehEduardo Lopes Monteiro (detetive da Autoridade Civil)Fabio Baena Martin (delegado da Polícia Civil)Marcelo Marques de Souza (detetive da Polícia Civil)Marcelo Roberto Ruggieri (investigador da Polícia Civil)Robinson Granger de MouraRogerio de Almeida Felicio (policial civil)Alberto Pereira Matheus Junior (delegado da Autoridade Civil)Danielle Bezerra dos SantosValdenir Paulo de Almeida (policial civil)Valmir Pinheiro (policial civil)
A TV Globo tenta encontrar as defesas dos apontados para falar sobre o assunto.
Este é Gritzbach 3 de 5 Vinicius Gritzbach– Foto: Reprodução/TV Globo
Vinicius Gritzbach– Foto: Reprodução/TV Globo
Vinicius Gritzbach era um empresário imobiliário investigado pelas autoridades por lavagem de dinheiro do PCC. Ele havia feito um acordo de apelação com o Ministério Público para não ser condenado por associação criminosa. Ele seria apenas indiciado por corrupção.
Em troca, Gritzbach expôs os nomes de pessoas ligadas à trama criminosa e dos policiais que lhe extorquiram dinheiro. Essa investigação está sendo realizada pela Polícia Federal (PF).
A investigação sobre o assassinato do empresário está sendo conduzida pela Autoridade Civil, especificamente pela Divisão Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa.
‘Cigarreira’ é identificado pela polícia como o principal mandante do assassinato de Vinicius Gritzbach. Segundo a investigação do DHPP e do Ministério Público, ele trabalhou com policiais para atirar em Gritzbach.
PMs prendem 4 de 5 Antônio Vinicius Lopes Gritzbach foi morto na sexta-feira (8) no Terminal Internacional de Voos de São Paulo, em Guarulhos. — Foto: Reprodução/TV Globo
Antônio Vinicius Lopes Gritzbach foi morto na sexta-feira (8) no Terminal do Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos. — Foto: Reprodução/TV Globo
Além dos 6 diretamente envolvidos no plano de execução de Gritzbach, a força-tarefa prendeu 14 PMs que estavam fornecendo acompanhantes pessoais para o empresário. A empresa proíbe seus agentes de prestarem serviços de segurança privada, especialmente para pessoa ligada ao PCC. Dez policiais militares foram indiciados pela Corregedoria da PM por suspeita de envolvimento com a máfia. O G1 tenta localizar as defesas dos acusados para que possam se manifestar sobre o assunto. 5 de 5 Infográfico mostra áreas do corpo de Antônio Vinicius Gritzbach atingidas por tiros — Foto: g1
Infográfico mostra áreas do corpo de Antônio Vinicius Gritzbach atingidas por tiros — Foto: g1
