SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

“Volvereis”, filme inédito do espanhol Jonas Trueba, estreia nesta quarta-feira, às 20h, com sessão gratuita, o evento “Amor ao Cinema”, que segue até 21 de maio no Cinesesc. Atualmente em sua 3ª edição, o evento já está entre os principais da primeira metade do ano em São Paulo — ajudado, claro, pelo triste fato de o Sesc ter abandonado a mostra Melhores do Ano. Nele, será possível ver ou rever um clássico moderno, como o magnífico “Close Up” (1990), do iraniano Abbas Kiarostami, ou mesmo clássicos como “Os Sonhadores” (2003), um dos últimos filmes de Bernardo Bertolucci, ou mesmo “Esplendor” (1989), de Ettore Scola. Alguns filmes definitivamente se tornaram um enigma para o público, como “Fedora” (1978), de Billy Wilder, que foi quase ignorado onde foi lançado originalmente, no final da década de 1970. Foi um período difícil para Wilder. Ele vinha se recuperando do fracasso significativo do cômico “Amigos, Amigos, Organização à Parte”, e “Fedora” foi produzido basicamente com capital alemão e filmado na Alemanha e na França. Pior ainda, foi rejeitado como antiquado, o que faz sentido. Naquela época, a geração mais velha de cineastas parecia não ter nada a dizer ao público em geral. Mas Billy Wilder é Billy Wilder, e seu “Fedora”, uma visita nada otimista à vida de uma atriz maravilhosa do passado, revive seus atributos mais amargos. De qualquer forma, é um filme que vale a pena ser encontrado ou descoberto. “O Que Aconteceu com a Criança Jane” (1962) sempre foi considerado uma segunda obra de Robert Aldrich, visto que o essencial era destacar as duas atrizes principais: Bette Davis e Joan Crawford. Digamos, no entanto,Que o filme não carece de atuações – não apenas Davis e Crawford brilham, mas o público geralmente tende a gritar de horror com certos momentos do filme. Em outras palavras: pode até ser menor para Aldrich, mas Aldrich também era grande. O cinema feminino apareceu pela primeira vez com “Jeanne Dielman” (1975), de Chantal Akerman, que uma eleição política incerta na publicação “Visão e Ruído” elevou ao status de melhor filme de todos os tempos, algo que nem mesmo a própria Ackerman aprovaria. No entanto, este está longe de ser um filme ruim, no qual Delphine Seyrig combina os papéis de mãe e dona de casa, mas para ganhar dinheiro precisa ser ela mesma uma mulher da rua. Helena Solberg inclui o novo “Um Filme para Beatrice” (2024), no qual ela tenta responder à pergunta “como estão as mulheres no Brasil”, com base em trechos de sua obra desde a década de 1960. Não se esqueça: Solberg é um cineasta maravilhoso, embora subestimado, cujos méritos variam do docudrama (“Carmen Miranda: Bananas Is My Business”) à ficção (“Vida de Menina”) com a mesma facilidade. Aliás, o trabalho de Solberg com Carmen Miranda certamente estará no Sesc Digital durante a mostra. Junto com ele, diversos outros docudramas. “Shaft” (1971) representa o mito da “blaxploitation”, uma época em que um grupo de cineastas negros se desenvolveu no cinema americano, com filmes de baixo custo, falando a um público que até então não se via representado no cinema. O thriller de Gordon Parks, que agora retorna em uma versão recuperada, destaca a vivacidade desse movimento, em parte devido às revoltas do poder negro no final da década anterior. No cenário brasileiro,a programação aposta este ano em filmes ainda não lançados no circuito comercial, como “Estranho Caminho”, de Guto Parente, “Rocha que Voa”, de Eryk Rocha, e “Mambembe”, de Fabio Meira. Na seção de documentários, também inédita, são revisitados os dedicados cineastas — Jean Cocteau, Pedro

Almodóvar, Fellini e Michel Gondry e Myiazaki — nestas obras. Os céticos também têm voz em “O Que Ela Afirmou”, a crítica de Pauline Kael. Vale a pena considerar também os docudramas do Sesc Digital, nos quais a imagem é tema privilegiado, seja em “Janela da Alma”, de João Jardim e Walter Carvalho, “Cinema Novo”, de Eryk Rocha, “Ozualdo Candeias e o Cinema”, de Eugênio Puppo, entre os brasileiros, além dos internacionais “A Mulher que Criou Hollywood”, de Julia e Clara Kuperberg, “O Roteiro da Minha Vida — François Truffaut”, de Devid Teboul e Serge Toubiana, “Pasolini”, de Abel Ferrara, e “Meu Nome é Alfred Hitchcock”, de Mark Cousins. Por fim, uma ótima notícia: se apenas o filme inaugural (quarta-feira, às 20h) for revelado totalmente gratuito, nas demais sessões o valor coincide: R$ 10. AMOR AO CINEMA — Quando Pode 7 a 21– Onde Cinesesc– r. Augusta, 2.075, Cerqueira César – Preço R$ 10

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