Labrador ingeriu palmeira-sagu durante um passeio e não resistiu. Especialistas alertam para o risco de espécies comuns em ruas e residências. 1 de 1 Pudim, um labrador de estimação — Foto: Reprodução/TV Globo

Pudim, um cachorro labrador — Foto: Reprodução/TV Globo

Um passeio comum terminou em tragédia para a designer Fabiana Amaral e seu labrador, Pudim, recentemente. O animal de estimação de nove anos, conhecido por sua força e saúde, adoeceu após ingerir uma planta em um canteiro perto da casa de sua dona, na cidade de São Paulo. Poucos dias depois, ele morreu devido a insuficiência hepática — quando o fígado para de funcionar.

“Ele começou a agir de forma estranha no dia seguinte. Não queria comer, sua urina estava muito amarela, quase laranja. Só depois descobri que a planta era tóxica. Não havia defesa no local”, conta Fabiana.

A espécie consumida por Pudim foi identificada como Cyca revoluta, popularmente conhecida como sagu de jardim. Segundo especialistas, a planta é altamente tóxica para animais de estimação, gatos e também humanos. Uma maneira fácil de identificar se uma planta é perigosa é verificar se, ao danificá-la, ela libera um látex branco – um sinal comum de envenenamento.

No Instituto de Pesquisa Ambiental do Arboreto de São Paulo (IPA), espécies botânicas brasileiras são registradas, mas ainda não há um estudo detalhado sobre quais são tóxicas.

A cientista Rosângela Bianchini explica que, mesmo sem uma pesquisa metódica, sabe-se que várias plantas comuns em jardins representam perigos.

“Se considerarmos que 10% das plantas são nocivas, isso já é muito. Se um animal consumir uma delas, pode morrer ou ficar muito doente. É preciso correr para o centro veterinário para uma lavagem estomacal”,alerta Rosângela.

Entre as espécies mais perigosas e comuns estão a azaleia, a espada-de-são-joão, a cobra-de-são-joão, a mamona, o lírio-da-paz, a serpente-de-são-joão, a alamanda, o antúrio, o bico-de-papagaio, a coroa-de-espinhos e o cambará.

Plantas perigosas para cães e gatos — Foto: Reprodução/TV Globo

Para orientar os responsáveis, uma equipe da Faculdade de Medicina Veterinária da USP criou o projeto Petmosfera, um site com informações sobre plantas e alimentos que fazem mal aos animais de estimação.

A professora Silvana Görniak, responsável pelo projeto, destaca que o número de variedades ornamentais importadas está crescendo, e muitas têm sua intoxicação descoberta somente após atendimento médico.

“O conhecimento sobre essas plantas é fundamental, pois elas não só prejudicam os cães, mas também podem representar um risco para as crianças”, afirma Silvana.

Ela também destaca que os cães, por serem muito mais curiosos do que os gatos, são mais propensos a ingerir plantas durante os passeios. O risco aumenta quando o animal passa muito tempo sozinho ou quando envelhece, o que pode causar problemas cognitivos e dificuldade em diferenciar o que ameaça.

A catástrofe vivida por Fabiana reacende o debate sobre a presença dessas plantas em locais públicos. Uma lei local de 2003 proibia o cultivo de espécies nocivas em locais públicos, mas foi revogada em 2022. A legislação atual não prevê mais esse tipo de proibição.

“Eu sabia que um dia perderia o Pudim, mas não assim. Ele era meu amigo. Não quero que nenhum outro animal de estimação passe pelo que ele passou. Essa lei tem que voltar”, diz a proprietária.

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