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Golpe de falso sequestro: criminoso obriga vítima a ir à rua na zona sul para cometer assalto

7:48

O fato ocorreu no dia 17 de março, em Santo Amaro, próximo à estação Brooklin do metrô (Linha 5-Lilás).

“Vou ficar em jejum porque aqui tem assalto.” Este foi o áudio que Luís (nome fictício) gravou para um amigo, no celular, enquanto caminhava pelo pátio da estação Brooklin do metrô (Linha 5-Lilás), na zona sul de São Paulo, na tarde de 17 de março.

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Sua intuição não estava errada. Nos minutos seguintes, Luís, de 24 anos, enfrentou momentos de estresse. Ele foi abordado por um homem que o ameaçou de morte e o levou à força para a rua. Junto com o celular subtraído, ele perdeu cerca de R$ 6 mil em transações financeiras feitas pelo criminoso – tudo isso entre 14h40 e 15h, em um local nobre da cidade. “Não confio mais na segurança pública de São Paulo”, disse o jovem ao Estadão. A Secretaria de Defesa Pública de São Paulo (SSP-SP) informa que a 11ª Vara Policial (Santo Amaro) está investigando o caso. A ViaMobilidade, concessionária responsável pela Linha 5, afirma que está à disposição das autoridades (leia mais abaixo). Marketing Naquele dia, Luís iria visitar uma obra. Formado em Recursos Humanos, ele trabalhava na área de supervisão de obras para uma empresa de arquitetura. Após o crime, o jovem decidiu deixar o negócio. “Eu já tinha notado que o local estava ficando mais estranho, com pessoas fumando cigarros e olhando as pessoas ‘de soslaio'”.

Vítima de violência, menino diz que não conta mais com a segurança pública em SP.Imagem: Julia Pereira/Estadão

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Antes de chegar ao local da obra, ele foi abordado no local da estação. Luís não presumiu nada e presumiu que o homem queria saber o momento ou obter instruções para um endereço. No entanto, ele rapidamente reconheceu que era uma situação perigosa.

“Ele levantou a camiseta e mostrou algo que parecia uma arma”, disse Luís. “Ele me perguntou se eu era louco por gravar um vídeo na ‘biqueira’ e que isso poderia estragar o plano deles.” O alvo negou as gravações. “Pedi desculpas e disse que não sabia que havia venda de medicamentos naquela área.”

O jovem foi obrigado a mostrar o dispositivo para provar que não havia gravação. Embora o suspeito tenha confirmado que não havia nada de errado com a galeria, ele supostamente ligou para um terceiro para descrever a situação. O jovem conversou com o suspeito e ordenou que ele se dirigisse a uma rua perto do terminal para mostrar o dispositivo. Luís e o suspeito entraram na Rua Andrea Paulinetti, em Santo Amaro, e caminharam por cerca de 10 minutos. No final da rua, o suposto líder da quadrilha ligou novamente e pediu que os dois se dirigissem a outro local próximo. Leia mais O suspeito e a vítima retornaram pela mesma rua, em direção ao metrô.

A criança começou a correr perigo. Ele disse: ‘Se você levantar o braço, eu te mato; se você disser para alguém que aqui é um comércio de drogas, eu te mato'”, lembra Luís. Eles entraram em uma rua vertical, sem saída, e caminharam por esse beco até chegarem a um terreno que dava para os fundos de algumas casas. Sob novas ameaças,O homem, presumivelmente armado, pede a Luís que entregue seu celular e senha. “Eu simplesmente rezei e pedi proteção”, afirmou a vítima. O rapaz entregou o aparelho, os códigos e aproveitou a folga. Aos poucos, ele entendeu que havia sido vítima de um golpe, posteriormente confirmado pela polícia. “Fiquei parado ali por 5 minutos. Pensei que iam me sequestrar. Mas quando vi uma mulher em um prédio (na Rua Andrea Paulinetti), corri para pedir ajuda”, conta. Luís foi até uma delegacia de polícia para registrar um boletim de ocorrência. A 11ª Delegacia de Polícia de Santo Amaro está investigando a ação criminosa e tentando identificar os suspeitos, segundo a Divisão de Segurança Pública de São Paulo. O caso foi registrado como roubo. A região ao redor de Andrea Paulinetti registrou 17 ocorrências criminosas em fevereiro – 6 arrombamentos de celulares, segundo o Radar da Crimeidade, ferramenta do Estadão que monitora ocorrências criminosas nas ruas de São Paulo. O distrito de Santo Amaro registrou 247 ocorrências criminais nesse período (mais de oito por dia), um aumento de 2% em relação a fevereiro de 2015. Os crimes são, em sua maioria, arrombamentos de celulares (133 ocorrências), arrombamentos de celulares (57) e roubos de veículos (52). Em nota, a SSP-SP afirma que está trabalhando para combater a criminalidade em toda a região. Segundo a unidade, a 6ª Delegacia Seccional, responsável pela região, registrou uma queda de 11,02% nos arrombamentos em geral e de 17,94% nos roubos de veículos nos primeiros dois meses de 2025 em comparação ao mesmo período do ano anterior. Além disso, 1.110 infratores foram presos e 51 armas foram removidas das ruas, afirma o departamento.A SSP-SP também informa que a Polícia Civil, focada no combate à profissão ilegal de celular, apreendeu 12.406 aparelhos suspeitos de origem ilícita entre janeiro e março. No total, 102 pessoas foram detidas. E eu ainda me sinto culpado… Luís perdeu cerca de R$ 6.000 em compras bancárias feitas pelos bandidos. Com o valor do celular, que também foi levado, o valor total chega a R$ 10.000. Parte do dinheiro foi ressarcido por uma das duas instituições financeiras onde o rapaz é correntista, mas ainda luta para reaver o valor total. Ele alega que a C6 Financeira não demonstrou intenção de devolver o dinheiro roubado. Procurada pela imprensa, a financeira alegou que os prejuízos de Luís são referentes a compras feitas no cartão de crédito por meio de débito eletrônico, e não pelo aplicativo. Nesse tipo de pagamento, o cliente precisa desbloquear o cartão e informar suas credenciais (senha ou biometria facial do aparelho). Se as credenciais forem válidas, a bandeira do cartão entende que o cliente autorizou a transação. O Banco C6 informou que, após contato com o consumidor, “bloqueou o cartão imediatamente”. A instituição financeira recomenda que, em caso de roubo ou arrombamento do celular, entre em contato com a instituição o mais rápido possível. Os telefones do Banco C6 são 3003-6116, para financiamentos e regiões metropolitanas, e 0800 660 6116 para demais localidades. O prejuízo ultrapassou dinheiro e produtos. Luís conta que perdeu a alegria. “Fiquei três dias em casa, não consegui sair, descansar ou ir trabalhar. Fiquei preocupado em enfrentá-lo novamente”, afirma.”Muitas vezes, quando voltava para o Brooklyn, ficava olhando ao redor, tentando localizar (o ladrão), sem saber o que estava fazendo.” Atualmente, ele passa os dias no apartamento da companheira em Santo André, na Grande São Paulo. “Me sinto um pouco melhor aqui.” Junto com o medo constante, há também um sentimento de culpa. “Parece que não deveria ter falado com ele, o negligenciado, exigido que não fosse embora ou pedido ajuda com mais urgência”, lamenta. “Muita coisa passa pela sua cabeça, sobre coisas que você poderia ter feito, mas não fez.” O colega para quem Luís enviou o áudio, antes de ser assaltado, mora na Austrália. O assunto da conversa foi justamente a possibilidade de o jovem morar no exterior, um sonho que ele nutre desde a adolescência. O crime reforçou esse desejo. “Me deu um motivo ainda maior para sair do país. Não confio mais na segurança pública de São Paulo, não confio mais no Brasil.” Veja também

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