
A nova fase na carreira de Galvão Bueno, ícone do discurso esportivo brasileiro, tem gerado polêmica entre fãs e especialistas do mercado televisivo. Após 43 anos na Globo, o narrador de 74 anos já tem dois projetos ambiciosos para 2025: um programa fixo na Band, chamado “Galvão e Amigos”, e a narração dos jogos do Campeonato Brasileiro e da Copa do Brasil no Prime Video. No entanto, enquanto seus programas no streaming têm se destacado, o programa na TV aberta enfrenta dificuldades para conquistar audiência. Na Grande São Paulo, principal mercado de publicidade do país, “Galvão e Amigos” registrou cerca de 0,8 ponto na última segunda-feira, com share de 1,8% e pico de 1,1, ficando em 4º lugar no horário das 22h30 à 0h09. A competição foi liderada pela Globo, com 14,7 pontos, seguida por SBT (3,9) e Record (3,5), enquanto RedeTV! e TV Cultura acumularam 0,3 ponto cada. O fraco desempenho do programa na Band demonstra os desafios de competir em um horário dominado por gigantes da televisão aberta. O horário da noite, especialmente às segundas-feiras, é marcado por atrações consagradas, como novelas diurnas, reality shows e programas de notícias. Apesar do apelo pessoal de Galvão e da presença de convidados importantes, como ex-jogadores e comentaristas famosos, “Galvão e Amigos” ainda não encontrou o tom ideal para atrair a atenção. A Band, reconhecida por sua cobertura esportiva, enfrenta dificuldades arquitetônicas para aumentar a audiência, principalmente após o horário nobre da televisão, quando a programação religiosa ocupa um espaço significativo. Por outro lado, Galvão Bueno se consolidou como uma das principais vozes do futebol no Prime Video. A plataforma de streaming da Amazon,que garantiu ao programa os direitos legais de 38 jogos exclusivos por temporada do Brasileirão até 2029. Além da Copa do Brasil até 2026, o narrador foi escolhido para comandar os programas. Sua estreia no streaming, acompanhando o clássico Corinthians x Vasco pela 2ª rodada do Brasileirão de 2025, com narração de Ronaldo e Romário, foi um marco para a plataforma, que busca se consolidar como referência em esportes no Brasil. Desafios na TV aberta A Band aposta em “Galvão e Amigos” para reforçar sua grade esportiva, mas os primeiros números indicam que o programa ainda não conquistou o público esperado. Exibido às segundas-feiras, o formato reúne Galvão Bueno com nomes como Mauro Naves, Walter Casagrande, Paulo Roberto Falcão e Vanderlei Luxemburgo, além de convidados especiais como Emerson Leão, Craque Neto e Reginaldo Leme. A proposta é discutir o futebol brasileiro, com análises táticas, entrevistas e atas atemporais, descrevendo o estilo do “Bem, Amigos!”, que Galvão exibiu no SporTV entre 2003 e 2022. Apesar dos atores qualificados, o público-alvo de 0,8 ponto percentual na Grande São Paulo é considerado baixo, também pelos critérios da Band. Para fins de comparação, programas esportivos concorrentes, como o “Campo SBT”, frequentemente ultrapassam 3 pontos no mesmo público. A Band enfrenta uma situação competitiva, com a Globo dominando o horário com novelas e o “Conversa com Bial”, enquanto a Record dedica-se a programas de TV e o SBT mantém sua força com programas de destaque. A quarta parte de “Galvão e Amigos” mostra o problema de atrair um público-alvo fiel em um horário saturado. Outro fator que impacta a eficiência são os programas que antecedem o programa. A Band transmite conteúdo religioso em programas do horário nobre.que normalmente tem baixa audiência e não cria uma “escada” para aumentar as variedades de “Galvão e Amigos”. Especialistas apontam que, sem mudanças na grade ou uma estratégia publicitária mais agressiva, o programa pode se manter como a quarta força do horário. Principais dificuldades para “Galvão e Amigos” na Band: Concorrentes com emissoras combinadas como Globo, SBT e Record. Programas religiosos no horário nobre, o que reduz a audiência conquistada. Dificuldade em atrair o público jovem, mais conectado às plataformas eletrônicas. Formato comparável a outros programas esportivos, com pouca inovação. Estratégia da Prime Video com Galvão Bueno Enquanto a Band enfrenta obstáculos, a Prime Video celebra a chegada de Galvão Bueno como um trunfo para suas aspirações no mercado esportivo brasileiro. A plataforma, que investe cerca de R$ 400 milhões por ano em contrato com a Liga Forte União (LFU), garante a programação de 190 jogos do Brasileirão até 2029. O contrato inclui partidas dos clubes sede da LFU, como Corinthians, Vasco, Fluminense, Botafogo, Cruzeiro, Internacional, Fortaleza, Athletico-PR, Criciúma, Juventude, Cuiabá e Atlético-GO. Além disso, a Copa do Brasil, transmitida por streaming desde 2022, continuará no portfólio até 2026. Galvão contará com 18 jogos por temporada, com foco em jogos decisivos e de grandes seleções. Sua estreia, em Corinthians x Vasco, teve como objetivo aproveitar ao máximo o impacto, com Ronaldo e Romário como comentaristas. A escolha reflete a abordagem da Amazon de conectar a marca a grandes nomes do esporte, criando uma experiência de valor para os usuários. A plataforma também investe em tecnologia, oferecendo programação em alta definição.Replays instantâneos e material complementar, como estatísticas e análises interativas. A popularidade de Galvão Bueno está entre os pilares da campanha publicitária do Prime Video. Além de narrador, ele atua como representante, aparecendo em ações promocionais que destacam a exclusividade das transmissões. A Amazon vê o narrador como um ícone de confiabilidade, eficiente em atrair tanto os fãs tradicionais de futebol quanto o público mais jovem, que assiste a esportes em dispositivos móveis. Contexto da transição de Galvão Bueno A saída de Galvão Bueno da Globo, após 43 anos, marcou o fim de uma era na TV brasileira. O narrador, que se tornou popular com a cobertura de Copas do Mundo, Fórmula 1 e Olimpíadas, deixou as transmissões regulares da emissora após a Copa do Mundo de 2022. Nos últimos 2 anos, ele se envolveu em eventos esporádicos, como o reality show “Craque da Voz” e a abertura dos Jogos Olímpicos de Paris 2024, enquanto passava tempo em sua rede do YouTube, agora renomeada “Galvão Bueno”. O trabalho digital, gerenciado pela Play9, empresa de Felipe Neto e João Pedro Paes Leme, ganhou força com programas em tempo real, como um jogo da seleção brasileira em 2023, que alcançou alta audiência. A decisão de migrar para a Band e o Prime Video reflete a busca de Galvão por novos desafios. Na Band, onde atuou entre 1977 e 1981, ele retorna com um programa que combina sua experiência em discussões esportivas com as boas lembranças de sua carreira. Atualmente no Prime Video, o narrador vislumbra o futuro do consumo esportivo, em um mercado de streaming em crescimento acelerado. O Brasil, com mais de 70 milhões de assinantes de plataformas digitais, é um dos maiores consumidores de streaming do mundo.O que torna a mudança estratégica. A opção da Amazon por Galvão também reage à saída de Cleber Machado, que narrava jogos no Prime Video até 2024 e atualmente faz parte do grupo Record. A emissora, que também adquiriu os direitos do Brasileirão com a LFU, pretende uma programação de futebol duradoura em 2025, incluindo o Paulistão. A movimentação no mercado de narradores demonstra a fragmentação dos direitos de transmissão, com streaming e TV aberta disputando espaço. Impacto na audiência da Band: A Band esperava que a contratação de Galvão Bueno ampliasse seu público-alvo, principalmente entre os fãs de esporte. No entanto, a média de 0,8 pontos de “Galvão e Amigos” sugere que o programa ainda não conseguiu atingir o público em geral. O horário das 22h30 é concorrido, com a Globo exibindo conteúdos de alta audiência, como “Tela Quente” ou “Jornal da Globo”, e o SBT apostando em programas leves, como “Programa do Ratinho”. O documento, portanto, preserva uma base dedicada com programas de fato como “A Fazenda”. Apesar dos números modestos, o melhor de “Galvão e Amigos” registrou um leve aumento em relação à média do horário nas quatro semanas anteriores, que foi de 0,6 ponto. O pico de 1,1 ponto sugere momentos de maior interação, possivelmente durante discussões acaloradas ou aparições de convidados populares. A presença de nomes como Craque Neto e Vanderlei Luxemburgo, conhecidos por declarações polêmicas, é uma tentativa de chamar a atenção, mas ainda não foi suficiente para competir com as principais emissoras. Fatores que limitam o público-alvo de “Galvão e Amigos”: Horário acessível, com participações combinadas em outras emissoras.Falta de um cronograma prévio para aquecer o público-alvo do programa. Concorrência com conteúdo eletrônico na web, como transmissões ao vivo e vídeos no YouTube. Percepção de que o layout repete programas esportivos tradicionais. A força de Galvão no streaming. No Prime Video, Galvão Bueno tem uma situação mais desejável. A plataforma não depende de avaliações tradicionais de público-alvo, mas sim de interação e retenção de assinantes. A seleção de jogos exclusivos, como o padrão do Brasileirão, garante visibilidade, enquanto a presença de Galvão agrega valor à marca. Sua narrativa, marcada por bordões como “Haja coração!”, é um elemento de conexão psicológica com os fãs, principalmente os mais velhos, que cresceram assistindo às suas transmissões na Globo. A Amazon planeja explorar o carisma de Galvão. Além da narração, ele adiciona conteúdo adicional na web, como entrevistas e análises pré e pós-jogo, oferecidos exclusivamente aos clientes. A estratégia inclui parcerias com influenciadores digitais e projetos nas redes sociais, ampliando o alcance entre o público jovem. O lançamento de Galvão no Prime Video em 29 de março de 2025, com Cruzeiro x Mirassol narrado por Rômulo Mendonça, já sinalizava o investimento em pesos pesados, mas o clássico Corinthians x Vasco, com Galvão, Ronaldo e Romário, elevou o grau de cobertura. O contrato de cinco anos com a LFU, que prevê 38 jogos diferentes por temporada, posiciona o Prime Video como um player relevante no mercado esportivo. A plataforma compete diretamente com o Globoplay, que também detém os direitos do Brasileirão, mas não compartilha os jogos com a Amazon. A exclusividade é um diferencial, principalmente em um país onde o futebol é uma paixão nacional.Agenda de Galvão Bueno em 2025 Galvão Bueno divide seu tempo entre a Band, o Prime Video e sua rede do YouTube, com uma agenda agitada para 2025. Sua rotina demonstra o conforto de alguns dos maiores nomes do jornalismo esportivo brasileiro. Principais compromissos de Galvão Bueno em 2025: “Galvão e Amigos” na Band: Transmitido às segundas-feiras, às 22h30, com debates sobre futebol e convidados especiais. Narrações no Prime Video: 18 jogos por temporada, incluindo Brasileirão e Copa do Brasil, com foco em clássicos e decisões. Rede do YouTube: Produção de conteúdo semanal, como entrevistas, análises e programas ao vivo, sob a responsabilidade da Play9. Participações na Fórmula 1: Trabalho como comentarista especial em corridas selecionadas, como os GPs de Mônaco e do Brasil, para a Band. Repercussão nas redes sociais A presença de Galvão Bueno em diversas plataformas tem gerado reações mistas nas redes sociais. Na Band, alguns elogiam a qualidade dos debates em “Galvão e Amigos”, destacando a química entre os participantes, enquanto outros criticam a falta de desenvolvimento no layout. No Prime Video, a recepção é mais positiva, com os fãs comemorando o retorno de Galvão ao discurso do futebol. No entanto, houve críticas pontuais, como erros ao longo dos programas, como a marcação de um jogo do Santos contra o Corinthians, que gerou memes e comentários negativos. O lançamento do programa na Band, em março de 2025, foi visto como um divisor de águas, com uma audiência de 2 pontos em uma tabela que raramente passava de 0,6. O engajamento de convidados como Renata Fan e Weverton, goleiro do Palmeiras, ajudou a se destacar, mas a audiência não se agradou nas semanas seguintes. No YouTube, Galvão mantém uma base de fãs dedicada, com vídeos que misturam boas lembranças,como homenagens a Ayrton Senna e avaliações atuais do futebol brasileiro. Perspectivas para o futuro: A trajetória de Galvão Bueno em 2025 demonstra as transformações no mercado de mídia esportiva. A Band, apesar dos obstáculos, aposta no narrador para fortalecer sua marca no setor esportivo, enquanto o Prime Video o utiliza como um player essencial para competir com gigantes como Globo e Disney. A fragmentação dos direitos de transmissão, com o streaming avançando, abre novas oportunidades para narradores experientes como Galvão, mas também exige adaptação a um público mais conectado e exigente. O programa “Galvão e Amigos” pode ganhar força com mudanças, como convidados mais populares ou layouts interativos, mas a Band precisa investir em sua programação para construir uma base sólida de público. No Prime Video, Galvão conta com o apoio de uma rede global, com recursos para inovar em programas. Sua capacidade de se reinventar, após anos na Globo, certamente será essencial para manter sua relevância. Aos 74 anos, Galvão Bueno continua sendo uma figura central no esporte brasileiro. Sua voz, que marcou gerações em momentos como as conquistas da Copa do Mundo de 1994 e 2002, agora se reflete nas novas mídias, do streaming à TV aberta. O desafio é converter esse apelo em números, seja em audiência da Band ou em engajamento do Prime Video. Possíveis estratégias para alavancar “Galvão e Amigos”: Incluir recursos interativos, como enquetes ao vivo com a audiência. Convidar influenciadores digitais para atrair o público jovem. Aproveitar eventos esportivos, como o Brasileirão, para promover o programa.Crie colaborações com marcas de atividades esportivas para ações de publicidade e marketing.