
Esteliano Madureira, suspeito de matar uma aluna da USP, foi encontrado morto nesta quarta-feira (23) na Avenida Morumbi, Zona Sul de São Paulo. 1 de 3Esteliano Madureira foi identificado pela polícia como o homem que aparece no vídeo acompanhando Bruna Silva. Segundo a perícia, ele matou a vítima. Foto: Reprodução
Esteliano Madureira foi identificado pela polícia como o homem que aparece no vídeo acompanhando Bruna Silva. Segundo a investigação, ele matou a vítima. Imagem: Reprodução
A Polícia Civil de São Paulo está apurando se Esteliano José Madureira, principal suspeito do assassinato da aluna da USP Bruna Oliveira da Silva, foi torturado e morto por uma facção criminosa.
Ele teria sido morto pelo que é conhecido como “tribunal criminal” — um procedimento sem qualquer tipo de base legal, propagado por membros da própria comunidade ou por facções criminosas.
Trata-se, na verdade, de uma espécie de linchamento, no qual as pessoas são avaliadas e punidas arbitrariamente, à margem de qualquer sistema de justiça institucionalizado. O PCC, por exemplo, costuma considerar esse tipo de julgamento paralelo para punir aqueles que desrespeitam ou ferem suas normas. (saiba mais abaixo).
Seu corpo foi encontrado dentro de uma lona, na noite de quarta-feira (23), na Avenida Morumbi, na região de mesmo nome, na Zona Sul da capital paulista, segundo informações da Secretaria de Segurança Pública (SSP) desta quinta-feira (24).
Esteliano tinha 43 anos. Estava vestido e calçado, amarrado pelas pernas, com mais de 10 ferimentos pelo corpo. Ele foi esfaqueado, segundo a Polícia Militar (PM) que o encontrou.Ele era procurado pelas autoridades após a Justiça obter sua prisão temporária na quarta-feira.
Ele havia sido identificado pelo Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) como o homem que aparece em um vídeo perseguindo e dando ordens a Bruna. A gravação foi feita no dia 13 de abril por uma câmera de segurança na Avenida Miguel Ignácio Curi, na Vila Carmosina, Zona Leste da cidade (veja abaixo).
Como funciona um tribunal criminal
Em geral, as vítimas são membros de gangues ou grupos rivais e também moradores de comunidades controladas pelo tráfico de drogas. Estabelecendo suas próprias regras, os infratores julgam aqueles que cometem crimes ou aqueles considerados autores de crimes.
Qualquer pessoa que estupra ou mata alguém na área controlada pelas gangues, por exemplo, é punida com a morte. Para quem espanca uma mulher ou rouba na comunidade, a punição pode ser uma fratura no membro ou uma pancada.
Os tribunais proibitivos ou criminais, por serem registros de autoridades contratadas, têm praticamente as mesmas características de um julgamento regular, com um “acusado”, “acusador”, “alvo” e “juízes”.
O acusado, no entanto, é sequestrado e levado para uma residência, um terreno baldio ou até mesmo um cemitério clandestino. A pessoa a ser julgada tem o direito de se proteger da acusação. Se convencer os infratores, pode ser absolvida e “ganhar” uma segunda chance de viver.
Caso contrário, é obrigada a confessar o crime. Algumas pessoas punidas com a morte são executadas por asfixia, outras são queimadas, esfaqueadas ou baleadas.
2 de 3 Infográfico mostra como criminosos são assassinados — Foto: Betta Jaworski/G1 Art Editor
Infográfico demonstra como criminosos são assassinados — Imagem: Betta Jaworski/G1 Art Editor
Polícia investiga se Bruna foi estuprada
Vídeo revela o momento em que homem segue estudante morta da USP perto do trem
Depois disso, Bruna não foi mais vista e sua família registrou um boletim de ocorrência de desaparecimento. Ela foi encontrada morta no dia 17 deste mês em um estacionamento a 2 quilômetros de onde havia fugido, segundo a polícia.
Bruna era aluna da Universidade de São Paulo (USP) e tinha 28 anos. Ela deixou um filho de 7 anos de um relacionamento anterior. No dia em que partiu, ela havia voltado da casa do atual namorado de metrô e caminhava em direção à casa onde encontrou o pai.
O DHPP está investigando se, antes de ser morta, Bruna sofreu algum tipo de violência sexual. A polícia encontrou calcinhas no barraco onde o suspeito morava. Segundo a polícia, ele pode ter agredido outras mulheres. Bruna estava seminua quando foi localizada, com vários ferimentos pelo corpo. Seu celular também desapareceu.
Bruna pode ter sido asfixiada
Corpo de suspeito do assassinato de uma estudante da USP foi encontrado com sinais de tortura
Policiais ouvidos pela equipe de reportagem corroboram a tese de que membros de uma organização criminosa que atua na Zona Leste capturaram Esteliano, o suspeito da morte de Bruna, e posteriormente optaram por executá-lo. O assassinato cruel da estudante e a suspeita de que ela tenha sido maltratada foram claramente negados pelos criminosos.
De acordo com o relatório policial,A incerteza é que Esteliano tenha sido assassinado em outra região e, posteriormente, levado e abandonado no mesmo caminho. A Polícia Civil busca câmeras de segurança para tentar identificar quem o eliminou. Segundo os peritos, Bruna teve uma vértebra fraturada no pescoço, o que sugere que ela pode ter sido estrangulada e morreu asfixiada. Um saco plástico também foi encontrado próximo ao corpo. A causa da morte, no entanto, ainda não foi divulgada oficialmente. Esteliano tinha antecedentes criminais por roubo. O crime foi cometido em 2008, quando ele foi preso, mas foi absolvido pela Justiça. “Ele [o suspeito] era cliente regular de medicamentos e morava naquele local”, disse o delegado Alexandre Menechini, nesta quinta-feira, durante coletiva de imprensa. “Nossa equipe acredita na hipótese de que ela tenha sofrido violência física relacionada à sexualidade, porém isso depende da conclusão dos laudos periciais”, disse o chefe de polícia Rogério Thomaz.
O DHPP acredita que Esteliano foi potencialmente morto pela ‘façanha criminal’. “Não descartamos essa teoria. Temos apenas a informação inicial de que ele foi sequestrado na Zona Leste e levado para a região de Paraisópolis [na Zona Sul]”, disse Rogério.
3 de 3 Esteliano José Madureira, 43, é suspeito da morte da aluna da USP Bruna Oliveira da Silva. — Foto: Reprodução
Esteliano José Madureira, 43, é suspeito da morte da aluna da USP Bruna Oliveira da Silva. — Imagem: Reprodução