Bruna Oliveira da Silva, de 28 anos, foi assassinada ao sair do Terminal de Itaquera, na Zona Leste de São Paulo. Ela cursava mestrado em adaptação social e engajamento político na USP.

Estudantes da USP realizam protesto em homenagem à jovem assassinada em SP

Estudantes da USP Leste realizaram uma manifestação na quinta-feira ao meio-dia (24) para exigir justiça após a morte de Bruna Oliveira da Silva, de 28 anos, morta ao sair do terminal de trens Corinthians-Itaquera, na Zona Leste de São Paulo. Durante a noite, populares também protestaram no terminal (veja mais abaixo).

Bruna cursava mestrado em adaptação social e engajamento político na USP. Ela viajou no dia 13 de abril, quando voltava para casa após passar o fim de semana com o namorado. Quatro dias depois, seu corpo foi encontrado com sinais de agressão nos fundos de um estacionamento próximo à estação.

O principal suspeito do assassinato do aluno, Esteliano José Madureira, foi encontrado morto — com sinais de tortura e coberto por uma lona — na noite de quarta-feira (23) na Avenida Morumbi, na Zona Sul. A Justiça já havia decretado sua prisão temporária.

1 de 7 Alunos da USP Leste realizam protesto na quinta-feira ao meio-dia (24) para exigir justiça após a morte de Bruna Oliveira da Silva — Imagem: Reprodução/EACH-USP

Alunos da USP Leste realizam protesto na quinta-feira ao meio-dia (24) para exigir justiça após a morte de Bruna Oliveira da Silva — Foto: Reprodução/EACH-USP

Com cartazes com frases como “Justiça para Bruna”, “Espaços públicos seguros” e “Tarcísio, Nunes cúmplices”, os alunos também protestaram pedindo mais segurança na cidade.

Em nota,A USP afirmou lamentar profundamente o assassinato da aluna, ressaltando a gravidade da violência contra as mulheres.

A organização afirmou que depende das autoridades para apurar e punir adequadamente o crime e afirma estar encaminhando o caso à Secretaria de Segurança Pública.

A nota também destaca os procedimentos de segurança da escola USP Leste e se solidariza com a família e amigos de Bruna.

2 de 7 Alunos da USP Leste protestam na tarde desta quinta-feira (24) para exigir justiça após a morte de Bruna Oliveira da Silva — Foto: Arquivo Pessoal

Alunos da USP Leste protestam na tarde desta quinta-feira (24) para exigir justiça após a morte de Bruna Oliveira da Silva — Foto: Arquivo Pessoal

Leia a declaração completa da USP:

“Lamento profundamente o assassinato doloroso e indesejável da nossa aluna de mestrado Bruna Oliveira da Silva. É terrível que, no ano de 2025, ainda testemunhemos tamanha violência física contra mulheres. Um crime dessa natureza prejudica não apenas a família e os amigos próximos de Bruna, mas também toda a área acadêmica da Universidade de São Paulo e a sociedade em geral.

Confio totalmente no trabalho da polícia e das autoridades competentes para garantir que este ato grave não fique impune. A Faculdade está em contato com a Divisão de Proteção ao Público para monitorar de perto sobre a análise da situação. A justiça precisa ser feita — e com celeridade — para garantir que a memória de Bruna seja valorizada e que situações semelhantes a esta não se repitam.

Em relação à segurança em nosso campus, a USP Leste conta com o trabalho da Guarda Universitária, proteção privada,Câmeras de vigilância estão espalhadas por toda a área da escola e controlam todas as entradas. Somos totalmente cautelosos e dedicados a garantir um ambiente livre de riscos em nossa área. Bruna era uma aluna deslumbrante, cheia de desejos e possibilidades. Sua vida foi interrompida de forma brutal e precoce, em um ato impressionante que jamais será esquecido. Neste minuto de dor, nos unimos à sua família, amigos próximos e colegas.

Nesta quinta-feira, houve uma passeata organizada por alunos da USP Leste reivindicando justiça e mais proteção nas áreas adjacentes às universidades e na cidade como um todo”.

Mais manifestação

Moradores também protestaram na noite de quinta-feira (24) na estação Corinthians-Itaquera, na Zona Leste de São Paulo. Com faixas e cartazes, os manifestantes exigiam proteção e justiça.

3 de 7 Moradores se opuseram na noite de quinta-feira (24) na estação Corinthians-Itaquera, na Zona Leste de São Paulo– Imagem: Arquivo Pessoal

Moradores protestaram na noite de quinta-feira (24) na estação Corinthians-Itaquera, na Zona Leste de São Paulo– Foto: Arquivo Pessoal

4 de 7 Moradores protestaram na noite de quinta-feira (24) na estação Corinthians-Itaquera, na Zona Leste de São Paulo– Foto: Arquivo Pessoal

Moradores protestaram na noite de quinta-feira (24) no terminal Corinthians-Itaquera, na Zona Leste de São Paulo– Foto: Arquivo Pessoal

Preocupação entre alunos

A morte da jovem criou um clima de ansiedade e preocupação entre os alunos da faculdade e de outras instituições de ensino da região.

A maior queixa é justamente a falta de segurança no local onde Bruna foi abordada por Esteliano.Além dos alunos da USP Leste, a área também é frequentada por estagiários da Fatec Itaquera, Etec Itaquera II e Sesi/Senai.

Vídeo mostra o momento em que um homem segue um aluno morto da USP próximo ao trem

“É um problema antigo e cotidiano para todas as mulheres que precisam sair do trabalho ou da escola tarde da noite, ou quando querem se divertir e, ao voltar para casa, encontram ruas escuras, falta de transporte 24 horas e segurança”, afirmou a estagiária Mayra Ribeiro.

“O maior problema também está no entorno da USP, com ruas desertas, onde a situação é ainda mais perigosa. As autoridades também precisam reforçar a segurança no entorno”, afirmou a estagiária com deficiência visual, que foi parceira de Bruna no Programa de Ajustamento Social e Participação Política da USP Leste.

5 de 7 Local na Avenida Sport Clube Corinthians onde a aluna Bruna Oliveira foi abordada e morta, em Itaquera, Zona Leste de São Paulo.– Foto: Reprodução/TV Globo

Local na Avenida Sport Clube Corinthians onde a aluna Bruna Oliveira foi abordada e morta, em Itaquera, Zona Leste de São Paulo.– Foto: Reprodução/TV Globo

Mayra e outros alunos da faculdade pedem que a Secretaria de Defesa Pública (SSP) e outros órgãos estaduais e municipais trabalhem para esclarecer o assassinato de Bruna.

“Também queremos uma posição da prefeitura e apoio aos familiares de Bruna por parte da universidade e da prefeitura. Ela estava contribuindo para a construção da consciência do interesse pela cultura em geral. Isso precisa ser reconhecido e valorizado”, disse ela.

E concluiu: “[É preciso haver] mais investimento em programas voltados ao combate à violência contra a mulher.Melhorar os problemas do campus também é uma necessidade, como aumentar a iluminação e ter iniciativas que incentivem mais pessoas a circular pela universidade, incentivando eventos culturais e aulas noturnas.” Outra aluna da USP Leste, Luiza Gois Magalhães, concorda com Mayra e ressalta que os alunos “se sentem vulneráveis”. “Quando todas essas construções foram feitas perto do trem e do terminal de Itaquera, a situação dos pedestres, das pessoas que moram lá, que passam por lá, deveria ter sido levada em consideração inicialmente.” E ela acrescenta: “Principalmente a segurança deles atrás do estacionamento onde Bruna foi encontrada e há uma UPA. E há espaços amplos sem absolutamente nada. Indivíduos que por ali transitam são vulneráveis, principalmente as mulheres, por serem as primeiras a serem agredidas.”

6 de 7 Bruna Oliveira da Silva — Imagem: Reprodução

Bruna Oliveira da Silva — Imagem: Reprodução

Questionada sobre a falta de segurança na região, a SSP afirmou que “o policiamento foi reforçado na região de Itaquera e as forças de segurança mantêm ações permanentes de combate a toda sorte de crimes, com foco especial nos crimes contra a vida, utilizando recursos de inteligência e tecnologia.”

“Esse trabalho integrado já resultou, nos primeiros dois meses deste ano, na apreensão e apreensão de 833 infratores e na remoção de 44 armas de fogo das ruas na área de atuação da 7ª Delegacia Seccional”, afirmou em nota.

O diretor da EACH/USP, Ricardo Ricci Uvinha, afirmou que a USP “apoia o trabalho da Guarda Universitária,Proteção exclusiva, verificação de câmeras espalhadas pelo campus e controle de acessibilidade em todas as entradas”.

7 de 7 Escola USP Leste, no bairro de Itaquera, Zona Leste da cidade de São Paulo, onde a jovem Bruna Oliveira da Silva estudava.– Imagem: Montagem/g1/Reprodução/Redes Sociais

Campus USP Leste, no bairro de Itaquera, Zona Leste da cidade de São Paulo, onde a jovem Bruna Oliveira da Silva estudava.– Foto: Montagem/g1/Reprodução/Redes Sociais

Essa era Bruna

Bruna tinha formação superior pela Universidade de São Paulo. Concluiu mestrado em história social pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP em 2020.

Ela havia sido aprovada recentemente no mestrado de pós-graduação em adaptação social e engajamento político da USP Leste. Ela deixa um filho de 7 anos.

Meu pequeno A menina sempre lutou pelo feminismo. Ela era radicalmente contra a violência contra as mulheres. Ela enfrentou isso e faleceu exatamente como ela mais temia e como eu mais temia. E então me pergunto: ‘por que não fui eu?’. A dor certamente seria muito menor. — Simone da Silva, mãe da aluna.

Em nota, a monitoria da EACH lamentou a morte de sua aluna: “A monitoria envia seus agradecimentos aos familiares e amigos”.

Corpo de aluna que fugiu após deixar a estação Itaquera é encontrado com sinais de agressão em SP

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