Em sua carta de demissão, Sandro Amante afirmou ser inocente e justificou seu pedido de saída do cargo para preservar o emprego na Guarda Municipal de Ribeirão Pires.

Equipe formada pelo Secretário de Segurança de Ribeirão Pires compartilha produtos roubados

O Assistente de Segurança de Ribeirão Pires, Sandro Torres Amante, pediu para deixar seu cargo nesta quarta-feira (23), uma semana após o G1 e a TV Globo divulgarem que ele foi condenado a 2 anos e 11 meses de prisão por furtar em açougues na cidade da Grande São Paulo.

Em sua carta de demissão, protocolada nesta quinta-feira (24), Sandro alegou ser inocente e justificou seu pedido de saída do cargo para proteger o emprego na Guarda Municipal.

Na semana passada, o prefeito Guto Volpi (PL) chegou a afirmar que se baseava em sua inocência e que certamente o manteria no cargo. Dias depois, a prefeitura fez um ajuste no comando da GCM: o de inspetor-chefe, terceiro cargo mais alto na hierarquia da corporação, foi extinto. Filipe Murilo Silva ocupava o cargo desde abril de 2024 e foi substituído pelo guarda civil Fernando Belchior Dias, que era vice-líder da guarda. A Prefeitura de Ribeirão Pires informou que, com a saída de Torres, quem assume o cargo agora é Arlei Capoccio, que era guarda civil desde o fim de 2022. Em sessão da Câmara Municipal de Ribeirão Pires na tarde desta quinta-feira (24), a vereadora Fernanda Henrique (PT) afirmou que o prefeito não assumiu uma postura firme em relação ao caso, o que teria gerado um clima de instabilidade entre os moradores.

O crime de arrombamento de produtos de açougue ocorreu em junho de 2018 — na época, Sandro era subcomandante da Guarda Civil Comunitária de Ribeirão. (Leia mais abaixo.)

Junto com ele, Gutembergue Martins Silva (examinador-chefe da GCM na época) e o ajudante-geral Marcelo Cruz Dallavali foram considerados culpados pelo mesmo crime. O tribunal também obteve a perda das cédulas públicas de Sandro e Gutembergue. Os acusados ​​estão tentando reverter a decisão no Superior Tribunal de Justiça.

Arrombamentos em açougues

De acordo com uma denúncia do Ministério Público, os arrombamentos nos açougues, ocorridos na madrugada de 18 de junho de 2018, foram quase consecutivos.

Em poucos minutos, os acusados ​​furtaram quase 60 kg de carne e R$ 28 mil dos açougues Izzo e Parati, que ficam a cerca de 300 metros um do outro, no prédio da prefeitura.

Do primeiro, foram levados 15 kg de picanha, 10 kg de contrafilé, 12 kg de alcatra, R$ 8 mil em dinheiro e uma chave de fenda. Do segundo, foram levados 20 kg de carne bovina, R$ 20 mil em dinheiro, cheques, câmeras de segurança, um DVD do circuito de segurança e roteadores.

Os exames indicaram que os criminosos foram planejados. Pouco antes, as câmeras de segurança haviam sido redirecionadas propositalmente para não atingir os açougueiros.

Enquanto isso, um problema anônimo incorreto foi feito para garantir que os policiais do GCM e das Autoridades Militares certamente se afastariam do Centro, auxiliando no crime.

Câmeras flagraram o acusado

Entre as testemunhas presas no evento, disseram que, ao retornar do seu intervalo,Ele observou que algumas câmeras saíram do lugar e as recolocaram em seu lugar original, tempo suficiente para flagrar Sandro, Gutembergue e Marcelo separando os bens roubados. Nos documentos, é possível observar que alguns veículos circulam na área onde ocorreram os furtos — essas fotos foram importantes para a identificação dos envolvidos. MP vê formação de milícia na GCM Para o MP, os guardas civis faziam parte de uma milícia particular que atuou pelo menos entre 2019 e 2023, cometendo assaltos e extorsões na cidade. A ocorrência aponta para a participação de cinco GCMs como integrantes dessa milícia — entre eles, estaria Sandro Amante, que nega as acusações e afirma que os crimes foram cometidos. Outro integrante seria Gutembergue Martins Silva, que é guarda civil na cidade e, embora não esteja mais trabalhando, continua recebendo salário.

Ambos foram condenados por subtrair R$ 28 mil e 57 kg de carne de dois açougues da cidade.

O documento do MP demonstra que os agentes envolvidos utilizaram o conhecimento e a estrutura da Guarda Civil Municipal para ocultar e auxiliar na prática de crimes.

Em várias das ações, eles alteraram o posicionamento das câmeras de segurança da prefeitura para evitar serem flagrados.

Em depoimentos ao Gaeco (Grupo de Operações Especiais de Combate ao Crime Organizado), testemunhas protegidas relataram que os agentes forneciam serviços de segurança a comerciantes locais para que não fossem vítimas do próprio grupo.

O MP ainda destaca que os autores apresentaram provas que vinculam Sandro Torres “a diversas outras atividades criminosas,como corrupção fácil decorrente da obtenção de seduções de traficantes de drogas.”

Embora a Justiça não tenha aceitado a denúncia da milícia, as investigações sobre esses e vários outros crimes continuam.

Assistente e GCM de cidade na Grande São Paulo são considerados culpados de suborno em açougues.

Preocupação com

O G1 e a TV Globo conversaram com duas pessoas que sabem como a segurança funciona e decidiram denunciar a forma como a corporação estava sendo administrada e liderada. Por medo de represálias, eles preferiram manter o sigilo.

Segundo eles, parte da empresa é corrupta e age apenas em seu próprio interesse, deixando a segurança da cidade em segundo plano.

“Eles criam o problema para vender a simplicidade. Como? Seu negócio, sua casa é assaltada e você registra um boletim de ocorrência. Entendendo isso, ele [Sandro], também por participar dos crimes, vai até o local e utiliza serviços [de segurança privada]. “Você fica vulnerável e acaba aceitando”, relatou uma das pessoas.

Para o Promotor de Justiça Nadir de Campos Júnior, essa é, aliás, uma das estratégias da equipe:

“Me parece bastante claro. A estratégia era criar problemas para vender drogas, ou seja, a população, assustada com esses crimes cometidos […], precisa da estipulação de soluções de segurança, e me parece que o custo para a contratação dessas soluções foi até aumentado”.

Em conversa com a repórter, uma das denunciantes relatou ter visto também um caminhão da ROMU — grupo único da GCM na cidade — “subtraindo dinheiro do tráfico de drogas, libertando traficantes,obtenção de fornecedores para pagar pelos serviços de vigilância da empresa e negociação de propinas”.

O que Sandro Amante afirma 1 de 3 Secretário de Segurança de Ribeirão Pires, condenado por roubo a açougue — Foto: Reprodução

Assistente de Segurança de Ribeirão Pires, condenado por roubo a açougue — Imagem: Reprodução

Na semana passada, a TV Globo e o G1 conversaram com Sandro, que se declarou inocente dos crimes. Ele disse que ainda não havia provas da venda de segurança pessoal na cidade.

Na primeira instância, fui absolvido. Em segunda instância, dos 7 crimes que foram formulados contra mim, isso resultou nessa condenação que foi uma sentença, que já foi apreciada. Meu advogado já apresentou a defesa, entretanto, na terceira instância. E, com fé em Deus, certamente será esclarecido, pois não tem absolutamente nada a ver comigo. Com certeza, trinta anos de serviço público aqui. — Sandro Amante

O que diz a Prefeitura de Ribeirão Pires

O prefeito, Gustavo Volpi (PL), não obteve a denúncia recentemente.

Também na semana passada, a prefeitura respondeu, por meio de nota, que não foi notificada sobre a sentença de Sandro. Em relação ao GCM Gutembergue, informou que havia uma ordem judicial para seu afastamento das funções na Guarda Civil Comunitária, sem prejuízo de seu vencimento.

2 de 3 Prefeito de Ribeirão Pires e o então Auxiliar de Segurança em atividade durante os 100 dias de gestão– Foto: Reprodução

Prefeito de Ribeirão Pires e o então Auxiliar de Segurança em atividade durante os 100 dias de gestão– Foto: Reprodução

3 de 3 Ribeirão Pires– Foto: Art/g1

Ribeirão Pires– Imagem: Art/g1

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