
Atenção: as postagens abaixo abordam assuntos como suicídio e transtornos psicológicos. Se você estiver enfrentando problemas, veja onde procurar ajuda no final do texto. Um policial militar de folga morreu na noite de terça-feira, 22, após atirar em outros quatro policiais em um confronto na região do Limão, na zona norte de São Paulo. Segundo informações preliminares, Rogério Vital dos Santos cometeu suicídio logo após ser ferido. Os outros PMs receberam atendimento de emergência e passam bem. Um policial militar de folga morre após atirar em outros quatro policiais em um confronto na zona norte de São Paulo. Foto: Felipe Rau/Estadão
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Um registro interno da PM, ao qual o Estadão teve acesso, indica que equipes do 9º Esquadrão Metropolitano de Polícia da Força Armada (9º BPM/M) foram acionadas para atender a um caso em que o PM de folga “apresentava comportamento alterado e corria riscos de morte, em decorrência de uma discussão familiar”.
Segundo a reportagem, o policial se isolou em sua casa, localizada no 7º andar de um prédio na Rua Thomaz Antonio Villani, no bairro Limão, e iniciou os disparos contra a equipe policial que prestava o primeiro socorro. Ele teria ficado sozinho durante todo o tiroteio.Publicidade Os registros indicam que ninguém ficou ferido no início, mas que, dada a gravidade da circunstância, foi necessária a contratação de uma equipe especializada da Equipe de Ações Táticas Únicas (Gateway), que por volta das 20h iniciou os acordos para tentar conter o representante e solucionar a crise.As negociações para a entrega do policial de folga teriam durado cerca de quatro horas, porém sem grande progresso.Após tentar aproximar as equipes usando robótica e métodos de negociação, Rogério teria se matado novamente, ferindo quatro integrantes do 4º Batalhão de Choque. Policial de folga morre após briga com policiais na comunidade do Limão; imagem mostra marca de bala no guarda da entrada. Foto: Polícia Militar. Durante o confronto, Rogério foi atingido no peito e no braço. Em seguida, ele “tentou tirar a própria vida”, segundo registros internos. O Pronto-Socorro da Polícia Militar foi acionado para prestar socorro imediato ao autor do ataque, mas o soldado não resistiu e morreu no local. Segundo a corporação, o cenário é considerado “suicídio policial (reconhecido mundialmente como suicídio policial), no qual o indivíduo, ao colocar em perigo e atirar contra agentes de segurança, busca deliberadamente provocar uma reação letal como forma de perturbar sua própria presença”. Onde os PMs envolvidos no caso ficaram feridos O registro das Autoridades do Exército mostra que os quatro oficiais das Forças Armadas do 4º Batalhão de Repressão ao Choque que ficaram feridos durante o combate receberam atendimento de emergência e passam bem. São eles: Segundo Sargento Wilson Katsuji Nakashima, baleado na panturrilha. Foi levado ao Hospital das Clínicas, consciente, estável e orientado; Soldado Vitor Figliolino Corniani, baleado na coxa. Também foi levado ao Hospital das Clínicas, consciente, em segurança e orientado; Cabo Pedro Henrique Gonçalves, também baleado na coxa. Foi levado à Santa Casa, consciente, em segurança e orientado; 1º Sargento Raphael Romão Penna, que foi baleado no rosto, mas está consciente.Não há detalhes sobre o estabelecimento de saúde para onde ele foi levado. “As Forças Armadas prestam total assistência ao policial ferido e seus familiares, e reforçam que todos os métodos tecnológicos e operacionais foram seguidos, com foco na proteção de vidas e na segurança da população”, afirma a empresa. Dados da edição mais recente do Anuário do Fórum Brasileiro de Discussão de Segurança Pública (FBSP), publicado no ano passado, sugerem que os homicídios cometidos por policiais militares em atividade estão aumentando em São Paulo. Foram 31 ocorrências
em 2023, um aumento de 40,9% em relação às 22 ocorrências registradas no ano anterior.Publicidade PUBLICIDADE E MARKETING Ao mesmo tempo, as mortes cometidas por policiais militares em serviço também aumentaram, com destaque para a capital paulista, onde os casos dobraram: foram 184 ocorrências de janeiro a dezembro de 2024, ante 92 casos em 2023, segundo dados da Secretaria de Defesa da Pública (SSP). Em nota sobre suicídios de PMs, a SSP afirma que a corporação ampliou as iniciativas existentes para apoiar a saúde e o atendimento psicológico de policiais militares em atividade com seu Sistema de Saúde Mental (SISMen), que oferece atendimento psicossocial no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS)
, no financiamento e em 41 Centros de Atenção Psicossocial em todas as regiões do Estado. “Além disso, há o serviço de telepsicologia, que conta com 59 psicoterapeutas credenciados, com atendimento psicoemocional para policiais em atividade ou na reserva, com agendamento e avaliações online. Iniciado em outubro de 2023,A solução já atendeu 34.707 ocorrências até fevereiro de 2025”, afirma a corporação. Sobre o aumento da letalidade policial, a PM afirma que não perdoa desvios de conduta ou adicionais de seus agentes, punindo todas as ocorrências dessa natureza com absoluto rigor. “Desde 2023, 439 policiais militares foram presos e 316 foram exonerados ou afastados, reforçando o compromisso da Secretaria de Segurança Pública com a idoneidade e a transparência”, afirma. “A instituição mantém programas de treinamento e desenvolvimento profissional contínuos, além de comitês focados em mitigação de riscos, que atuam para apurar inconformidades e aprimorar as ações operacionais. Por ordem da SSP, todos os casos do MDIP são investigados pelas Polícias Civil e das Forças Armadas, com acompanhamento das Delegacias de Ocorrência, do Ministério Público e do Poder Judiciário”, acrescenta a secretaria. Onde buscar ajuda Se você está passando por sofrimento psíquico ou conhece alguém nessa situação, veja abaixo onde encontrar ajuda: Unidade de Valorização da Vida (CVV) Se precisar de ajuda imediata, entre em contato com a Unidade de Valorização da Vida (CVV), um serviço gratuito de assistência psicológica que oferece suporte 24 horas. A ligação pode ser feita por e-mail, pelo chat do site ou pelo telefone 188. Campanha do Canal Falar desenvolvida pelo UNICEF para oferecer atendimento a adolescentes e jovens de 13 a 24 anos. A ligação pode ser feita pelo WhatsApp, de segunda a sexta-feira, das 8h às 22h. SUS Os Centros de Atenção Psicossocial (Caps) são unidades do Sistema Único de Saúde (SUS) concentradas no atendimento a clientes com problemas psicológicos. Há unidades específicas para jovens e adolescentes.Na cidade de São Paulo, existem 33 Caps Infantojuvenis e você pode encontrar os endereços dos dispositivos nesta página. Mapa de Saúde Mental e Bem-Estar: O site fornece mapas com dispositivos de bem-estar e iniciativas gratuitas para atendimento mental presencial e online. Também oferece materiais de orientação sobre transtornos psicológicos. NOTA DO EDITOR: Suicídios são um problema de saúde pública. Anteriormente, o Estadão, como grande parte da mídia especializada, evitava publicar reportagens sobre o tema por medo de que isso servisse como incentivo. No entanto, dado o aumento de mortes e tentativas de suicídio nos últimos anos, inclusive entre crianças e adolescentes, o Estadão está falando muito mais sobre o assunto. Segundo especialistas, é essencial colocar o problema em discussão, mas com cuidado, para ajudar na prevenção. Os suicídios jornalísticos podem trazer esperança às pessoas em perigo, bem como às suas famílias, além de reduzir estigmas e motivar discussões abertas e positivas. O Estadão segue as recomendações de manuais e profissionais ao relatar ocorrências e justificativas para a sensação.