Manifestação contra o racismo no Shopping Pátio Higienópolis– Foto: Deslange Paiva/g1

Manifestação contra o racismo no Shopping Pátio Higienópolis– Foto: Deslange Paiva/g1

Alunos do Colégio Equipe, em Higienópolis, realizaram uma manifestação nesta quarta-feira (23), após adolescentes negros – alunos do colégio – denunciarem uma atitude racista de um segurança no Shopping Pátio Higienópolis, ocorrida no dia 17 de abril.

O caso aconteceu na praça de alimentação do shopping. Uma jovem branca, também aluna da escola onde estudava, foi questionada pela segurança se uma menina e uma criança negras, que estavam perto dela, a estavam incomodando ou pedindo dinheiro. O protesto começou por volta das 13h, em frente ao Colégio Equipe, também em Higienópolis, e seguiu a pé até o shopping. Carregando bandeiras e cartazes contra a intolerância arquitetônica, o grupo era composto por vários alunos, pais e professores. Eles também estavam acompanhados por manifestantes contra a remoção de familiares da favela do Moinho, no centro de São Paulo.

2 de 11 Militantes em protesto contra racismo em frente ao Shopping Pátio Higienópolis– Foto: Deslange Paiva/g1

Manifestantes em protesto contra racismo em frente ao Shopping Pátio Higienópolis– Imagem: Deslange Paiva/g1

No ato, a equipe cantava e gritava palavras de ordem, como “Não à intolerância!”. Eles também disseram que os alvos do episódio “não são os únicos”.

Os formandos também seguravam cartazes com expressões de personalidades negras, como Bob Marley, e contra a intolerância. Pais e educadores usavam camisetas do coletivo Equipreta da instituição.

3 de 11 Alunos da instituição Equipa.– Imagem: Deslange Paiva/ g1

Alunos da escola Equipa.– Foto: Deslange Paiva/ g1

Eles estavam sendo orientados por professores e seus pais acompanhavam a caminhada.

4 de 11 Alunos caminharam da escola Equipa até o Shopping Higienópolis.– Imagem: Deslange Paiva/ g1

Estagiários caminharam da escola Equipa até o Shopping Higienópolis.– Imagem: Deslange Paiva/ g1

5 de 11 Manifestação estudantil.– Foto: Deslange Paiva/ g1

Reclamação dos alunos.– Foto: Deslange Paiva/ g1

Segundo relatos de pais e mães de alunos ouvidos pelo g1, o protesto foi organizado pelos próprios alunos, em nome de seus colegas, com uma multidão negra da escola, a Equipreta.

Eles chegaram ao shopping por volta das 13h40. Inicialmente, guardas se posicionaram em frente às portas, obstruindo a passagem. O grupo começou a cantar e entoar lemas até que a entrada fosse removida.

Os manifestantes entraram e se dirigiram para a parte principal do local. Algumas lojas reduziram as portas durante a reclamação.

Militantes entrando no Shopping Higienópolis.

6 de 11 Estudantes dentro do shopping.– Foto: Deslange Paiva/ g1

Estagiários dentro do shopping.– Foto: Deslange Paiva/ g1

Lá dentro, eles se reuniram na parte principal do estabelecimento e permaneceram por cerca de 30 minutos. Uma educadora que estava presente no evento se manifestou contra a postura racista do shopping.

Alguns militantes também ergueram uma faixa contra as remoções na favela do Moinho.

7 de 11 Faixa dos militantes da favela do Moinho.– Imagem: Deslange Paiva/ g1

Faixa dos militantes da favela do Moinho.– Imagem: Deslange Paiva/ g1

Sandra Regina Leite de Campos, 59, mãe de um aluno da Equipe, contou ao g1 que seu filho já havia sofrido racismo na mesma área, quando tinha 12 anos.

“Ele e o amigo, que também é negro, foram seguidos por um segurança dentro de uma loja. Este shopping é imune a qualquer tipo de ação, porque eles acreditam que o que estão fazendo é certo. Por isso, temos que usar a todo momento para mostrar a eles que o erro deles é criminoso. Antes de tudo, o que é feito neste shopping é uma atividade criminosa. Não é um problema de negros, é um problema social”, disse ele. 8 de 11 Sandra Regina e Marco Moreira, amigos e pais de estagiários da faculdade.– Foto: Deslange Paiva/ g1

Sandra Regina e Marco Moreira, amigos e pais de alunos da instituição.– Foto: Deslange Paiva/ g1

Cássio Marcelo, 42 anos, pai de dois alunos da Equipe, acredita que o ato, ao entrar no ambiente onde ocorreu o crime, tem a intenção de revelar aos consumidores o que aconteceu no shopping.

“Foi um ato inventado e estabelecido pelos alunos. A instituição tem um coletivo negro — a Equipreta. Minhas filhas se tornam parte disso, assim como os alunos que sofreram racismo. Foi um pequeno ato cumulativo e se tornou significativo, e estamos vendo essa coisa linda que está acontecendo aqui, feita pelas crianças, com o apoio dos alunos, é claro. Eles escolheram estar aqui para apoiar seus amigos próximos que sofreram racismo.”É para todos que estão aqui, consumindo e usando o ambiente do shopping, verem que este é um ambiente racista”, afirmou.

O grupo permaneceu no shopping até as 14h30. Durante a saída, a educadora e capoeirista Su Helena relatou que, durante um discurso, um segurança se aproximou de uma mulher branca e perguntou se ela “estava bem”, como se a educadora representasse uma ameaça.

Instrutora discursa durante protesto contra racismo no shopping

“Tenho 72 anos, trabalho em uma escola e, para mim, isso é muito importante, porque sofri muito preconceito na minha vida — e ainda sofro. No ônibus, com as pessoas me olhando com caras horríveis, como se eu fosse a adversária. Eu estava fazendo um discurso, e o segurança se inclinou contra uma mulher branca, como se eu fosse fazer algo com ela. Eles não têm educação. Não faz sentido colocá-lo lá e não lhe dar nenhum tipo de orientação. Você vai abordar apenas pessoas negras? É impressionante. Se você é negro e entra em um shopping, você será obedecido. Não adianta.”

Ela também afirma que, apesar do shopping ser um espaço para todos, os seguranças reagem quando uma pessoa negra — principalmente se estiver vestida de branco — entra no estabelecimento.

9 de 11 Loja fecha as portas na presença de manifestantes.– Imagem: Deslange Paiva/ g1

Loja fecha as portas na presença de manifestantes.– Foto: Deslange Paiva/ g1

10 de 11 Manifestação contra o racismo no shopping Higienópolis– Imagem: Deslange Paiva/ g1

Protesto contra o racismo no shopping Higienópolis– Foto: Deslange Paiva/ g1

11 de 11 Educadora do Colégio Equipa.– Imagem: Deslange Paiva/ g1

Instrutora do Colégio Equipa.– Imagem: Deslange Paiva/ g1

Técnica de segurança versus crianças

Alunos de escola independente são vítimas de preconceito em shopping na Zona Sul de SP

A mulher e a criança, de 11 e 12 anos, são colegas de classe na mesma escola que ela, que fica próxima ao shopping. O grupo havia ido almoçar antes do início das aulas, ao meio-dia.

Na ocasião, a administração do shopping emitiu um comunicado lamentando o ocorrido e pedindo desculpas. Também afirmou estar em contato com a família e que oferece treinamento aos funcionários. (Saiba mais abaixo.)

O instrutor Diego Penã Castellon, que também estava na praça no momento, disse que ouviu parte da conversa.

“Observei que um segurança estava falando sério com alguns dos meus alunos, incluindo um aluno negro do oitavo ano. Fiquei preocupada, deixei meu almoço cair e fui até lá. Ouvi os seguranças dizendo que não se pode pedir dinheiro em shopping. E os alunos disseram: ‘Mas, senhor, ele está chorando. Ninguém pediu dinheiro. O que está acontecendo?'”

O irmão mais velho de uma das crianças vítimas de racismo disse estar abalado, pois nunca havia passado por uma situação como essa. A família registrou um boletim de ocorrência.

Leni Pires das Mercês, mãe da outra criança negra, disse que recebeu a informação por meio da administração da instituição e que seu filho chorava muito.

Esta não é a primeira vez que alguém denuncia um crime de intolerância dentro do Shopping Higienópolis. Em 2022, adolescentes relataram uma ocorrência em uma loja de ferragens do estabelecimento. Na época,Os jovens gravaram o minuto em que estavam sendo seguidos por um guarda.

O Departamento de Proteção Pública (SSP) informou que as medidas ideais serão absorvidas à luz das realidades.

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