Ninguém deveria se surpreender se o novo Papa for africano ou oriental, diz cardeal de São Paulo

Conclave: Como o novo papa é eleito? Quem são os candidatos à sucessão de Francisco?
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Dos 136 cidadãos, 108 foram escolhidos durante o papado de Francisco. Veja como é o processo eleitoral. Ainda não há
data principal para a eleição política do novo pontífice após a morte do Papa Francisco nesta segunda-feira, dia 21, aos 88 anos, mas candidatos possíveis já estão sendo chamados. Com maior diversidade entre os cardeais, representantes de vários países aparecem nas listas. PUBLICIDADE Para o
arcebispo de São Paulo, Cardeal Dom Odilo Scherer, as “suposições” pouco refletem o que deve acontecer no próximo conclave. Ele acredita, no entanto, que o futuro papa nem sempre será europeu — a origem dos antecessores de Francisco é superior a mil anos. “Ninguém deve se surpreender se um cardeal africano for escolhido para ser papa, ou um cardeal asiático ou um italiano novamente. Isso está dentro das possibilidades”, afirmou ele na segunda-feira. O Santuário da Sé celebrou uma missa em sufrágio do papa. Foto: Tiago Queiroz/Estadão. O arcebispo explicou, no entanto, que, independentemente da origem, o líder da Igreja Católica certamente governará para todos. “Se isso acontecer, não significa que ele tenha voltado seu interesse apenas para a África ou a Ásia, ou que tenha virado as costas para a América ou que tenha voltado a se concentrar na Europa. Não, quem for escolhido como papa deve cuidar da Igreja como um todo”, acrescentou. Dom Odilo deve viajar ao Vaticano em breve para participar do funeral do papa e, em seguida, acompanhar os preparativos para o conclave. Como todos os outros cardeais com menos de 80 anos, ele participará da eleição, cujas cédulas são secretas.O cardeal afirmou que o próximo pontífice precisa seguir os princípios do Evangelho, mas cada um tem sua história. “Não há dois papas iguais. Ninguém espera que o próximo papa seja um novo Francisco. Ele pode até ter o nome Francisco II, mas não ficará só na sua imagem e semelhança”, enfatizou. Santuário da Sé lotado para missa em memória do Papa Francisco. Foto: Tiago Queiroz/Estadão. Sobre o sucessor de Francisco, Scherer afirmou que “ser progressista ou tradicionalista não é o problema” e disse que o próximo pontífice seguirá os valores da Igreja. “Ninguém precisa esperar um papa a favor da guerra, ninguém deve esperar um papa contra os pobres, ninguém deve esperar um papa que não diga aos padres: ‘Sejam bem educados’. Esta é a regra básica. E, como resultado, o próximo papa certamente será alguém que cuidará bem do propósito da Igreja.” O cardeal contatou pessoas para saudar o número do novo líder católico. “O próximo papa será um ser humano, não um robô. E, consequentemente, ele certamente governará a Igreja com seu próprio projeto, seu caráter, sua personalidade, sua capacidade humana.” “É a escolha do papa, não uma conspiração. Isso é sonho”, disse ele sobre o conclave. Ele também refutou a ideia de que a escolha do novo papa seja seletiva e significativa por especulação,
como é o caso do recente filme Conclave, que foi indicado ao Oscar. “É a escolha do papa
, não uma teoria da conspiração. Isso é sonho”, disse ele. “Não é um projeto eleitoral, é uma festa”, acrescentou. Dom Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo. Foto: Tiago Queiroz/Estadão. Nesse contexto,Ele afirmou que a decisão se origina de um ambiente de oração e de um senso de dever. “O dever existe com a Igreja, não com uma celebração ou um gosto”, enfatiza. “A escolha do papa é o resultado de um discernimento cumulativo. É por isso que existem as chamadas paróquias gerais, onde os cardeais examinam abertamente a situação da Igreja. Eles falam sobre situações globais, dificuldades, demandas. E assim eles fazem um mapeamento, mesmo sem discutir diretamente”, afirmou. O arcebispo também descreveu Francisco como um papa que “se preocupava com os limites do mundo”. Diante disso, ele foi o pontífice que escolheu um dos cardeais mais vindos de fora da Europa. “Ele escolheu vários cardeais de regiões ‘periféricas’ da Igreja”, afirmou. “Dizer que eles não estão na periferia da Igreja, mas no coração.” A história dos cardeais pode influenciar a decisão sobre o novo chefe da Igreja. Hoje, 108 dos 135 eleitores no conclave que certamente especificará o sucessor foram escolhidos por Francisco. Leia também: