
Um familiar registrou um boletim de ocorrência contra o Shopping Pátio Higienópolis, na região central da cidade de São Paulo, por discriminação racial comprovada contra dois adolescentes negros na tarde de quarta-feira, dia 16. Os jovens são estagiários do Colégio Equipe, localizado nas proximidades. Uma manifestação está sendo marcada para a próxima quarta-feira, dia 23.
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Em nota, o shopping lamentou o ocorrido e disse que se sensibiliza com os familiares. “O comportamento adotado não reflete os valores do shopping e o problema está sendo tratado com extrema seriedade”, reagiu. Ressaltou ainda que possui um “programa regular de treinamento e capacitação”, que certamente será reforçado para reiterar o “compromisso inegociável de desenvolver um espaço verdadeiramente seguro e convidativo para todos”. A Polícia Civil de São Paulo informou que o caso será apurado pela 77ª Delegacia de Polícia (Santa Cecília), “para as devidas providências e esclarecimentos da realidade”. O Colégio Equipe divulgou nota na qual demonstra “profundo repúdio”. “Além da abordagem infundada, os jovens foram alertados pelos funcionários do shopping com referências à proibição de ‘pedir dinheiro em imóveis’, em clara demonstração de preconceito e discriminação racial”, afirmou. O fato teria ocorrido no Shopping Pátio Higienópolis, na região central de São Paulo; Shopping lamenta incidente Foto: Tiago Queiroz/Estadão – 06/11/2020 Na manifestação, a faculdade afirma que a situação expõe a “urgência de mudanças concretas”. “Lamentamos que, em 2025,Ainda somos forçados a proteger nossas crianças e adolescentes da violência física resultante do racismo estrutural. Um ambiente onde jovens negros são frequentemente monitorados, questionados ou tratados como um perigo não pode ser considerado seguro para nenhum indivíduo”, acrescentou. A universidade propõe que a cultura reflita, ative e atue para impedir que circunstâncias como essa ocorram novamente.
“Combater a intolerância não se limita a responsabilizar os envolvidos. É preciso haver uma dedicação institucional à alfabetização racial, ao desenvolvimento de grupos preparados para lidar com a diversidade e à implementação de políticas antirracistas eficazes”, acrescentou. O shopping tem um histórico de questões de intolerância. A Comissão Antirracista de Familiares e Responsáveis do Colégio Equipe também relembrou outros casos de racismo alegados no shopping. Em 2021, o shopping assinou um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o Ministério Público de São Paulo para orientar seus grupos sobre como lidar com menores em situação de vulnerabilidade social e crianças desacompanhadas. Em 2017, no mesmo shopping, o caso relatado pelo músico visual Enio Squeff repercutiu. Ele relatou que foi abordado por um segurança enquanto jantava com seu filho, que tinha 7 anos na época. “Ele viu uma criança negra e imediatamente pensou que fosse um mendigo”, disse o pai ao Estadão. No ano seguinte, o assessor administrativo Anderson Nascimento relatou que seu filho, então com 14 anos, havia sido agredido por um segurança. O homem teria ordenado que o menino tirasse o dinheiro do bolso. Leia também: