O novo prefeito de São Paulo é o Coronel Ricardo Mello Araújo (PL), ex-líder da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), um esquadrão de elite da Polícia Militar de São Paulo. Mello Araújo foi escolhido nas eleições de 2024 pelo ex-chefe de Estado da República Jair Bolsonaro para concorrer na chapa liderada pelo atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB). No governo Bolsonaro, ele foi chefe de Estado da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp).
A questão da segurança tornou-se uma das principais bandeiras de Nunes, que almeja ser candidato a governador de São Paulo, caso o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) opte por concorrer ao Palácio do Planalto em 2026. O prefeito queria transformar a Guarda Municipal Metropolitana de São Paulo em uma Autoridade Comunitária. No entanto, seu pedido foi obstruído pelo Ministro Flávio Dino, do Tribunal Superior do Trabalho, no domingo, 13, que considerou a decisão “um critério perigoso”. Em fevereiro, Nunes também inaugurou um “prisômetro” — um painel de avaliação instalado no centro histórico de São Paulo com o número em tempo real de criminosos foragidos presos pela Guarda Metropolitana, além de fornecer informações sobre pessoas desaparecidas e veículos roubados pela Guarda Municipal. Para reforçar ainda mais a segurança na capital paulista, Nunes designou coronéis e um tenente da Polícia Militar para cargos de liderança importantes. Pelo menos seis policiais militares assumiram o comando das subprefeituras. No final de março, Nunes nomeou o coronel da reserva e ex-vereador Marcelo Salles (PSD) como prefeito substituto da Sé (região central de São Paulo). Salles assumiu o cargo do coronel aposentado Álvaro Batista Camilo.Ex-vereador e ex-deputado estadual, também membro do PSD, que comanda a subprefeitura desde 2023. Salles e Camilo têm um ponto em comum: ambos eram comandantes de base da PM do estado de São Paulo. Nunes disse que fez a mudança porque Camilo tem um perfil “muito mais ministerial” e a administração precisaria de um assessor que circulasse mais pela cidade. “Preciso de uma pessoa que eu possa ligar e ela me diga: estou aqui embaixo do Minhocão ou na Praça da Sé”, garantiu o prefeito. O Coronel Camilo, no entanto, deve ser utilizado em outra função na prefeitura, segundo aliados do parlamentar do MDB. O Coronel Salles foi vereador, mas não foi reeleito na última eleição. Ele também foi responsável pela eleição do subprefeito da Mooca (zona leste de São Paulo), Coronel Marcus Vinicius Valério, que anteriormente era subprefeito da Lapa (zona oeste). Seu antecessor no cargo na Mooca, Danilo Antão Fernandes, também foi coronel da Polícia Militar. O atual prefeito substituto da Lapa é o mais bem conhecido de todos os coronéis indicados pelo prefeito: o ex-comandante da Rota, Coronel Telhada, ex-vereador, ex-substituto estadual e atualmente deputado suplente do governo pelo PP. Telhada foi nomeado para o cargo pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), aliado de Nunes. Telhada tornou-se popular e foi eleito vereador e substituto, como um dos defensores da legislação paulistana, por defender a extrema violência no combate à criminalidade. Ele é considerado o idealizador do ex-membro da Rota e atual assessor de Segurança Pública, Guilherme Derrite.Substituto do governo afastado, escolhido pelo PL e atualmente no PP. Para a subprefeitura de Sapopemba, Nunes nomeou o tenente José Nilton Santos, que também estava na Rota. “Coronéis não entendem de administração pública.” O cientista político Guaracy Mingardi, analista criminal e participante do Fórum Brasileiro de Defesa Pública, critica a decisão de prefeitos como Nunes de priorizar coronéis e comandantes da PM para ocupar cargos de subprefeitura. “Coronéis não reconhecem a gestão pública. Eles podem até saber lidar com a PM, porque foram treinados para isso. Mas administrar uma cidade é uma questão diferente. Alguns podem ser bons, outros ruins. O problema é achar que eles são bons imediatamente para aquilo, o que não é o caso”, afirma o especialista, que é doutor pela USP e ex-detetive da polícia. “Essa ideia de militarizar a Prefeitura é que não faz sentido. Um bom funcionário da prefeitura pode fazer melhor, porque não será um leigo na função, como o Exército”, acrescentou Mingardi. O pesquisador lembrou que a iniciativa de Nunes não é nova e que o ex-prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD), instituiu essa técnica ao longo de sua gestão, entre 2006 e 2013. Saiba mais na PlatôBR.
