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A moto se aproxima da calçada e freia bruscamente. O criminoso que estava atrás desce do veículo e se aproxima da vítima sob a mira de uma arma. Em segundos, a vítima tem seu celular — ou algo mais importante — roubado. Se sobrar tempo, ele também precisa digitar a senha para desbloquear o aplicativo financeiro. PROPAGANDA Métodos como esse, com dois homens em uma moto, tornaram-se tão comuns em São Paulo que os veículos são frequentemente periciados. Por conta disso, os assaltantes estão evitando andar em grupos no mesmo caminhão, segundo policiais ouvidos pelo Estadão. Outros métodos utilizados pelos criminosos envolvem o compartilhamento de armas e a contratação de quem financia a logística do arrombamento, que aluga capacetes e bolsas de segurança (mochilas) para atuar como “entregadores falsos”. Segundo a Secretaria de Segurança Pública do Estado (SSP), as Forças Armadas já vistoriaram mais de 2 milhões de motocicletas até o dia 6, por meio da Operação Impacto, com perícias de motoristas e verificação de antecedentes criminais, em paralelo à investigação da Polícia Civil. Publicitária é demitida em tentativa de arrombamento na Vila Olímpia; assaltantes fogem em motos. Foto: Reprodução/Câmera de Segurança/Gabriel. “Ladrões hoje entendem que dois homens em uma moto é suspeito”, afirma ao Estadão o delegado Clemente Calvo Castilhone Junior, chefe da Divisão de Apuração de Crimes contra a Casa do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic). “Duas pessoas — motorista e passageira do veículo — chamaram a atenção para a abordagem do policial. Percebemos que isso era um problema (dos foragidos) também ao entrevistar as pessoas que foram detidas aqui (no Deic, por arrombamentos ou arrombamentos recentes).”Ele acrescenta. O delegado afirma que, por conta disso, as gangues transformaram a forma como se distribuem em carros. Basicamente, elas operam em equipes de 2 a 4 pessoas.” “A maioria das gangues atualmente realiza ataques com apenas alguém na moto”, afirma Castilhone Junior. O departamento que ele comanda é composto por 6 delegacias, sendo uma focada em solucionar roubos (roubos seguidos de morte), crime que teve aumento de 23,2% no faturamento em 2015, em contraste com a queda nos roubos. São Paulo tem registrado um aumento nos crimes violentos, inclusive em comunidades de classe média alta, como Pinheiros (zona oeste) e Vila Olímpia (zona sul). A SSP afirma que realiza patrulhas e investigações, com queda média de 13,5% nos arrombamentos no faturamento. Como resultado das ações conjuntas, afirma o departamento, 7,8 mil suspeitos foram presos ou presos. Na última sexta-feira, dia 11, agentes do 3º Centro Especial de Repressão ao Crime Organizado (Cerco) deflagraram a Operação Centauro, em Pinheiros, que envolveu 662 motocicletas. Caminhão de apoio ou várias motocicletas. As configurações variam, de acordo com os delegados ouvidos pelo registro. Ocasionalmente, pode haver um veículo dando suporte à ação de uma ou mais pessoas em uma motocicleta. Em outras ocasiões, os assaltantes permanecem em uma motocicleta – se algo der errado durante o processo, seus comparsas agem. Na noite de sábado, dia 12, uma mulher de 32 anos foi atingida por uma bala perdida durante uma tentativa de assalto na Rua Gomes de Carvalho, uma das vias mais movimentadas da Vila Olímpia. Não há informações sobre o estado de saúde da vítima.Câmeras de segurança registram o momento em que uma mulher é atingida por uma bala perdida na Vila Olímpia, em SP, às 5h28. A vítima caminhava pela Rua Gomes de Carvalho quando foi baleada na perna após uma tentativa de assalto. Câmeras de segurança mostram que a estratégia foi inicialmente executada por um único motociclista. No entanto, um outro comparsa se aproximou do local em outro caminhão, aparentemente para ajudar na fuga. Nenhum dos bandidos foi identificado até o momento. No início deste mês, o designer Jefferson Aguiar, de 43 anos, foi morto a tiros enquanto interferia em um assalto no Butantã, na Zona Oeste. O assalto foi cometido por dois homens, cada um em uma moto — pelo menos um dos suspeitos foi preso pelo Deic. Arquiteto é demitido após intervir em arrombamento no Butantã 0:55 Jefferson Dias Aguiar atropelou os assaltantes, que se levantaram e atiraram na vítima. Recentemente, no final de fevereiro, o Deic prendeu outros dois suspeitos pela morte do policial Josenildo Belarmino de Moura Júnior, de 32 anos, que foi baleado durante um assalto em 14 de janeiro deste ano, na Chácara Santo Antônio, na zona sul. Segundo a polícia, eles estavam cometendo mais um assalto no momento da prisão. Pelas imagens das câmeras de segurança, é possível perceber que Moura Júnior é abordado por apenas um

“falsificador”, mas outras motocicletas passam pela rua no momento do arrombamento. A incerteza é que sejam comparsas do assaltante, que aguardavam para agir caso necessário.Publicidade Conforme mostrou o Estadão, vídeos registraram os mesmos assaltantes cometendo diversos outros crimes dias (e até minutos) antes do ocorrido, tudo num raio de cinco quilômetros da Rua Amaro Guerra, na Chácara Santo Antônio,onde Belarmino foi baleado 3 vezes. Policial é morto a tiros na zona sul de São Paulo 1:03 Josenildo Belarmino de Moura Júnior, 33, foi abordado por um homem em uma moto em uma estrada na Chácara Santo Antônio. A percepção sobre a mudança no método de operação é compartilhada por vários outros policiais ouvidos pela reportagem. “Houve um foco maior (por parte dos policiais) em motociclistas

com carona, com melhor fiscalização. Surge uma barreira, eles (infratores) começam a mudar um pouco os hábitos”, diz um policial que atua na zona sul e preferiu permanecer anônimo. Segundo pesquisa Datafolha divulgada no

fim de semana, oito em cada 10 brasileiros relatam medo de serem assaltados em abordagens de motos. A prefeitura estima que existam 1,3 milhão de motocicletas na capital. Além disso, o fluxo de veículos de duas rodas aumentou nos últimos anos devido à popularização de aplicativos de distribuição de alimentos e compras, que ganharam força durante a pandemia. Os serviços de mototáxi são proibidos pela prefeitura, mas as empresas de transporte tentam revogar a restrição na Justiça. Ações publicitárias feitas por “dois homens em uma moto” são um problema antigo. Dez anos antes, a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) aprovou a restrição ao uso de garupa, inclusive por questões de segurança, mas a medida foi proibida pelo então governador e atual vice-presidente da República, Geraldo Alckmin (PSB). Roubos de moto envolvendo garupa: em 2014, quando o aumento de arrombamentos já começava a se manifestar, as regiões Sul e Oeste foram vistas como dois focos de interesse.Principalmente porque atraem o interesse de quadrilhas especializadas em roubos de motos potentes e pela proximidade com rodovias. Em relação às quadrilhas que praticam esse tipo de roubo, em muitos casos, não há como prender o criminoso pelas costas, já que ele é o responsável por dirigir a moto roubada, caso o caminhão seja levado. Mas existem outras técnicas utilizadas pelas quadrilhas para dificultar o trabalho das autoridades nessas situações, como a troca de placas e a troca de parceiros para tentar confundir as autoridades. O entendimento das autoridades é que, além dos receptores, existem redes criminosas mais complexas por trás deles. “Essa visão sistêmica é realmente essencial (principalmente em relação a roubos e assassinatos violentos), e o DEIC realmente abraçou essa posição. Não há motivo para simplesmente esclarecer isso. Uma prisão causa várias outras apreensões, porque vemos várias outras pessoas, outros coautores”, afirma Castilhone Junior. Segundo ele, há uma investigação sobre um grupo que praticava arrombamentos com a mesma moto, porém com sete placas diferentes. Os arrombamentos geralmente são realizados em larga escala. “Para cada arrombamento, temos quatro, cinco, às vezes dez roubos creditados a essa dupla e a outras duplas combinadas”, diz ele. Recentemente, a Polícia Civil prendeu Suedna Barbosa Carneiro, 41, conhecida como “Mainha do Crime”, em Paraisópolis, na Zona Sul. Chamada de investidora de roubos, ela é suspeita de alugar chapéus, pratos e até bolsas para que bandidos se passem por distribuidores.Os policiais estão investigando uma possível ligação entre Suedna e os criminosos que mataram o delegado Belarmino e Vitor Medrado, um motociclista de 46 anos que foi baleado à queima-roupa em fevereiro, perto do Parque do Povo, na Zona Sul. O advogado de defesa de Suedna não foi localizado. No caso de Medrado, a arma foi carregada por dois homens em uma moto — embora os criminosos estejam evitando essa ação, isso continua acontecendo. Era por volta das 6h da manhã quando o motociclista foi baleado antes que pudesse reagir. “Pode ter sido qualquer pessoa que estivesse lá (na cena do crime). Foi aleatório, é como se fosse perigoso o tempo todo”, disse a enfermeira Jaquelini Santos, viúva da vítima, ao Estadão. Além de Suedna, os dois suspeitos foram presos. Os policiais afirmam que um deles havia participado de um assalto horas depois, no Brooklin, nas proximidades. “O ‘cara’ que atirou no ciclista passou a assaltá-lo logo em seguida, apenas trocou o motorista do veículo”, afirma Castilhone Junior. Segundo o policial do DEIC, muitas vezes os bandidos saem com um único propósito, mas mudam de foco dependendo do que encontram. “O homem que roubou motos grandes saiu apenas com esse propósito e precisava de um motorista extra na garupa”, diz ele. “Mas esse ladrão não passou o dia sem fazer absolutamente nada. Se não conseguisse encontrar a moto que procurava, roubava um celular, um anel de ouro ou um relógio.” Publicidade e Marketing

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