Aqui estão os destaques da edição que abre as comemorações dos 30 anos do SPFW Return: Dendezeiro SPFW N59 — Foto: Tiago Zani

​​Mais uma temporada da São Paulo Fashion Week chegou ao fim, e a edição N59 será lembrada como o pontapé inicial para as comemorações dos 30 anos do evento. A Style aproveitou o marco para entrar no clima festivo e clássico com uma série de vídeos com memórias do SPFW de nomes como Paulo Borges, Alexandre Herchcovitch, Gloria Kalil, Carol Ribeiro, entre muitos outros.

Retorno: Normando|SPFW N59– Foto: Aleph Loureiro

Apesar de um line-up com menos marcas do que o habitual, os 17 nomes que compuseram a programação foram criteriosamente selecionados e trouxeram para a passarela desfiles espetaculares de estilo, coleções marcantes e espaços que ocuparam a Estação das Artes (João Pimenta), Galeria Passado Composto (Handred), Mercado Livre Setor Pacaembu (Piet), além do shopping JK Iguatemi, onde se concentraram boa parte da programação.

A versão, que reuniu estreantes, retornados, nomes consagrados da moda nas últimas décadas e veteranos do mercado, abriu e fechou a temporada, especificamente, com os desfiles de Aluf e Piet, que deixaram uma mensagem clara: a semana de estilo de São Paulo completa três décadas celebrando, sim, seus ícones, mas abrindo caminho para que novos nomes deixem sua marca. Abaixo, confira o resumo geral com os destaques da edição.

Voltar: Herchcovitch; Alexandre|SPFW N59– Imagem: Aleph Loureiro Gaby Amarantos estreia nas passarelas do SPFW Sobrancelhas em evidência são a aposta de elegância do SPFW N59 Tudo sobre o desfile de João Pimenta no SPFW N59 Voltar: Reptilia|SPFW N59– Foto: Aleph Loureiro

Os veteranos que continuam a revelar excelência Voltar: João Pimenta|SPFW N59– Foto: Tiago Zani

​​Na edição que inaugura os três anos do SPFW, certamente seria fundamental não contar com a presença de nomes que se consolidaram na história da moda brasileira. Foi o caso de Alexandre Herchcovitch que, com seu Herchcovitch; Alexandre apresentou looks feitos em látex amazônico, peças adornadas com mais de 81 mil cristais Swarovski fluorescentes e vestidos de cetim duchesse coloridos em tons neon que irradiam no bar Blue Room, sede de seu programa. João Pimenta também apresentou uma coleção sólida. Nesse período, sua customização bem construída se beneficiou de um trabalho mais de moulage (a modelagem feita com o tecido diretamente sobre o manequim). Os casacos de combinação foram desconstruídos como se fossem usados ​​de lado no corpo, deixando um ombro à mostra; as camisas pareciam sem mangas, criadas apenas pelas cavas frontal e traseira; e os casacos tinham costas realmente curvas ou com “pedaços” de modelagem visíveis, como se ainda estivessem em processo. Tudo isso ao som do pianista Jonathan Ferr, que subiu ao palco para tocar sua combinação de jazz, neo soul e ritmos metropolitanos com impacto brasileiro. Voltar: À La Garçonne | SPFW N59 — Imagem: Aleph Loureiro

À La Garçonne, de Fábio Souza, proporcionou a personalização em seu melhor, feita com tecidos vintage e de estoque morto. Lino Villaventura trouxe seus famosos desenvolvimentos, notados por texturas nervuradas,para a passarela – que ele frequenta, somente na SPFW, há exatos trinta anos, desde a edição inicial. Weider Silveiro foi inspirado por Vênus, a deusa da elegância, como ponto de partida para sua coleção, enquanto Walério Araújo trouxe celebração e provocação para a passarela ao questionar as exigências sexuais e os conceitos tradicionais da moda.

Estreias deste momento Retornam: Leandro Castro|SPFW N59– Foto: Aleph Loureiro

Após 3 edições da Brasil Eco Style Week e 4 da Casa de Criadores, Leandro Castro trouxe para sua SPFW o lançamento de seu estudo de décadas sobre desperdício têxtil, modelagem e formas. Roupas com um viés muito mais industrial, como blazers texturizados, dividiram o palco com peças especulativas, como casacos oversized que imitam pregas surrealistas e peças feitas de neoprene automotivo.

Retorno: MNMAL|SPFW N59– Foto: Tiago Zani

​​Ao mesmo tempo, Mnmal, de Flavio Gamaum, apostou em seu minimalismo contemporâneo para seu lançamento. A marca, criada em 2022, é resultado de anos de experiência de Flavio nos mercados varejista e atacadista da moda brasileira – e de uma necessidade recente de experimentar o mercado por meio de seu preconceito imaginativo, trazendo uma marca sem logotipos que transita entre o streetwear e o vestuário esportivo com toques de personalização.

As mulheres da temporada Retorno: Aluf|SPFW N59– Foto: Aleph Loureiro

Apesar de ser uma temporada mais curta, das 17 marcas que participaram do SPFW N59, apenas três eram lideradas por mulheres: Aluf, de Ana Luísa Fernandes; Reptilia, de Heloisa Strobel; e a marca homônima de Patricia Viera.

Com o tema circense aparecendo em trajes de fantasia e peças feitas para o uso diário,Aluf abriu o período com um programa que incluiu malabaristas e uma banda. Na Reptilia, Heloisa decidiu olhar para placas estruturais, o que foi espelhado em roupas com detalhes que lembram fraturas e camisetas com diferentes camadas que reproduzem o interior do planeta. O programa de Patricia Viera foi marcado pelo uso marcante do couro, que, graças à maestria da designer, veste mulheres para todos os momentos da vida. Além disso, a marca agora está expandindo seu perfil de pequenos artigos e calçados de couro.

Vale lembrar que, além da falta de mulheres à frente das marcas neste período, a variedade de corpos parece ter diminuído consideravelmente em relação às últimas edições do evento. Uma grande pena – o Brasil, um país tão plural em tantas áreas, não pode deixar de representar sua diversidade quando vamos revelar nosso estilo.

Patricia Viera– Foto: Aleph Loureiro Voltar: Reptilia|SPFW N59– Foto: Aleph Loureiro

Os locais que receberam mostras em seus próprios moldes Piet– Imagem: Aleph Loureiro

O período também foi marcado por locais que impulsionaram ainda mais espetáculos incríveis. A edição abriu sob uma lona circense montada por Aluf em um estúdio na Barra Funda, seguida por Alexandre Herchcovitch que transformou a boate Blue Space, no centro da cidade, em um local com passarela na pista de dança e convidados em pé aguardando o programa – naquele clima de evento que a gente aprecia.

No último dia de apresentações, a Handred levou seu acervo influenciado por mestres da tapeçaria brasileira para um local que não poderia ter sido mais primoroso: a Galeria Passado Composto, que foca em mobiliário brasileiro.João Pimenta realizou seu programa na Estação das Artes ao som do pianista Jonathan Ferr, que sobreviveu ao palco. Patrícia Viera escolheu a magnificência da Casa Higienópolis e Piet fechou a temporada com um golaço, fechando o Mercado Livre Setor Pacaembu com um programa apoteótico inspirado, naturalmente, pelo interesse dos brasileiros pelo futebol.

Handred– Foto: Aleph Loureiro

O Norte em evidência Voltar: Normando|SPFW N59– Imagem: Aleph Loureiro

O Norte se manteve em evidência neste período com duas marcas se inspirando na região. Elas foram Normando, que analisou a obra “Chove nos Campos de Cachoeira”, do escritor paraense Dalcídio Jurandir, romance que é destaque na literatura brasileira e faz parte do chamado Ciclo do Extremo Norte, coletânea de obras que retratam a realidade da Amazônia, especialmente no estado do Pará.

E a Dendezeiro, que apesar de ser nordestina, conheceu a região Norte do país e as semelhanças, diferenças e individualidades em relação ao Nordeste. Com camisetas com slogans como “açaí sem calda” e “castanha do Pará”, a coleção também incluiu peças inspiradas em pescadores da época da Revolta da Cabanagem. As tapeçarias que passaram a fazer parte dos códigos da marca aparecem em minissaias com estampa de pirarucu.

Voltar: Dendezeiro SPFW N59– Foto: Tiago Zani

As tendências que chamaram a atenção Voltar: À La Garçonne|SPFW N59– Foto: Aleph Loureiro

Uma tendência que dominou as tendências globais, shapes com modelagem marcada também marcaram presença na semana de moda de São Paulo. Nas passarelas da À La Garçonne e João Pimenta,A personalização de looks poderosos estava a todo vapor, destacando as curvas femininas com um ar anos 80.

Weider Silverio– Foto: Aleph Loureiro

O look balão, uma moda polarizadora que dominou 2024, parece estar firme e forte – pelo menos de acordo com as passarelas brasileiras. Peças em variações mais elegantes, como os vestidos surrealistas de Weider Silverio e a extensa e significativa versão all black que fechou o desfile de Walério Araújo e que, de frente, lembrava uma peça clássica, mas de costas, deixava à mostra o traseiro da versão Liya Santos.

Retorno: Dendezeiro SPFW N59– Imagem: Tiago Zani

​​Quanto maior, melhor: esse parece ter sido o mote de boa parte das bolsas que cruzaram a passarela da 59ª edição do SPFW. Na Dendezeiro, os acessórios apareceram em variações ainda maiores, com múltiplos bolsos. Walério Araújo contrastou suas bolsas, parceria com a Guarda Mundo, com uma maxi bag seguindo a estratégia da casa. No Piet, apareceram mochilas extras (extra!) enormes, fazendo alusão às típicas bolsas de futebol.

As fashionistas que trilharam o caminho de Dudu Bertholini para a Handred– Foto: Aleph Loureiro

É sempre divertido ver figuras que não necessariamente pertencem ao caminho, sendo “modelos por um dia”. Entre as aparições deste período, vimos fashionistas como Dudu Bertholini, que desfilou para a Handred, e as vocalistas Majur, Liniker e Gaby Amarantos, que desfilaram para a Dendezeiro. A estrela Dira Paes fechou o programa Normando e foi realocada por Marco Normando e Emidio Contente, estilistas da marca, ao desfilar na passarela com uma coleção feita em homenagem ao Pará, estado natal da atriz.

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